Nova ponte de Tavira: 24 arquitetos portugueses apelam à “coragem de dar um passo atrás”

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Os arquitetos Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura e João Luís Carrilho da Graça são alguns dos 24 subscritores do manifesto do movimento Tavira Sempre, que na sessão da Assembleia Municipal da noite de terça-feira apelou às entidades públicas da cidade para que se “pare para refletir” e se tenha a “coragem de dar um passo atrás” quanto ao local de implantação da nova ponte sobre o Gilão e a globalidade das frentes ribeirinhas da cidade.

“Só com o compromisso, visão, competência política e, acima de tudo, coragem para dar um passo atrás podemos impedir a insistência no erro (de ir em frente), pelo caminho mais fácil”, sustenta o texto, subscrito por 24 profissionais da arquitetura.

No manifesto, defende-se que as intervenções na frente ribeirinha devem ser “devidamente articuladas com os outros espaços abertos/verdes de forma a constituir uma estrutura ecológica coerente e de forma a determinar a fundamentação credível e ‘justa’ para a construção da (eventual) nova travessia do Rio Gilão, nesta ou noutra qualquer localização que melhor se justifique”.

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“Manifestamo-nos apelando à urgência de ‘parar para refletir’ a favor da definição de uma estratégia de intervenção urbana abrangente, que contemple não só o local específico de implantação da nova ponte, mas também o projeto da globalidade das frentes ribeirinhas da cidade”, assinala o manifesto.

O movimento considera que, sendo Tavira uma das cidades melhor conservadas do Algarve, é absolutamente incontornável que qualquer intervenção urbanística e/ou arquitetónica, sobretudo em áreas urbanas de especial sensibilidade como as ARU’s (Área de Reabilitação Urbana), “seja fundamentada num quadro de ‘pensamento em ação, multidisciplinar de responsabilidade e competência político-profissional: do urbanismo à arquitetura, da arqueologia à história e cultura das artes, da geografia física e humana à antropologia, da sociologia à economia”.

“No estímulo deste manifesto, importa refletir sobre o processo de conceção e construção de uma ponte-viaduto para o centro histórico de Tavira, bem como sobre as alterações que esta operação irá implicar no que se refere à manutenção e salvaguarda de valores patrimoniais, culturais e identitários fundamentais, que dizem respeito não só à população local, mas a todos os que a visitam, hoje e amanhã”, observa o texto do manifesto.

“O quadro, neste momento, é de absoluta incerteza, pela falta de consenso sobre os objetivos e pela ausência de concordância relativamente à solução proposta”, sublinham os 24 subscritores.

Manifestam-se esperançados em que, com este manifesto se possa refletir, fundamentar e projetar “uma revolta positiva com vista à atualização e transformação da cidade, por uma visão estratégica, sustentada por processos de decisão participativos e assente em boas práticas de planeamento com programas e projetos faseados no tempo. assim se constrói um verdadeiro projeto de cidade (dentro da cidade)”.

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