Novo álbum dos algarvios ‘Plasticine’ é arte, mas também um alerta para as alterações climáticas

As alterações climáticas e os desafios da sociedade servem de linha criativa à banda

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Os ‘Plasticine’ nasceram em 2018 com a ideia de um projeto de originais. Fizeram o primeiro concerto sem sequer existirem como banda, reinventaram-se na pandemia, foram nomeados para prémios internacionais, abriram o Festival MED 2022 e agora preparam-se para lançar o álbum ‘The Most Beautiful Skies’ (em português, ‘Os céus mais bonitos’) no dia 30 de setembro. A emergência climática, as migrações, a intolerância e os conflitos armados são as batalhas que travam através da música.

O segundo álbum da banda algarvia de world music é um produto sobre “batalhas individuais e globais”, bem como “de pequenas porções de felicidade que fazem com que valha a pena lutar diariamente por essas batalhas para que os céus nos pareçam os mais belos que alguma vez vimos”, descreve a banda, ou não fossem as palavras “liberdade” e “resiliência” escolhidas para se autodescreverem enquanto grupo artístico e cultural. ‘The Most Beautiful Skies’ é também um álbum sobre “resiliência e a calma após a tempestade”.

Todo o trabalho criado pelos ‘Plasticine’ neste novo álbum é (multi)instrumental, com exceção para o primeiro e para o último tema que são cantados. O primeiro fala sobre “tomarmos conta do nosso destino a nível individual” e o último sobre “tomar conta de todos os nossos destinos enquanto sociedade, uma vez que trata das alterações climáticas, o desafio mais premente que enfrentamos neste momento”, explica João Faísca, compositor e guitarrista dos ‘Plasticine’.

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Depois de terem visto um tema nomeado para os Prémios IPMA 2021, nas categorias de ‘Melhor Performance Instrumental’ e ‘Escolha do Público’, os ‘Plasticine’ receberam, recentemente, um financiamento através do projeto ‘Garantir Cultura’, a partir do qual foi possível idealizar e concretizar o novo álbum ‘The Most Beautiful Skies’, que será lançado esta sexta-feira.

A capa do novo álbum

Com cerca de quatro anos de existência, os ‘Plasticine’ contam já “com mais de 30 pessoas” que colaboram desde o momento embrionário da banda. Apesar deste número, João Faísca diz ao JA que “não existe uma formação fixa” e explica: “Não só porque gostamos de ter alguns convidados, mas também por ser muito complicado gerir todas as nossas agendas”.  Ainda que assim seja, Ivo Martins (bateria), Pedro Guerreiro (baixo), Pedro Glória (sintetizadores, e percussões especiais), Lana Gasparotti, Wesley Seme ou o Leo (teclados), Marco Canas (saxofone), Ricardo Lopes (trombone) e João Barbosa (trompete) são as pedras basilares de um conjunto multicultural e multilingue.

Ainda no que toca aos instrumentos, os ‘Plasticine’ têm uma base. Ela é composta pela bateria, baixo, guitarras, órgãos e pianos elétricos, trombone, saxofone alto e tenor, trompete e fliscorne. Contudo, conforme os convidados, os sons diversificam-se e podem juntar-se à festa o acordeão, o contrabaixo, o violoncelo ou até mesmo o violino.  

Na hora de cantar, nos dois discos há temas cantados por Wesley (‘Magreb’ e ‘In Vain’), e o outro pelo Perigo Público (‘Icebergs de Freud), também com algumas notas de Wesley. O tema ‘Tunataka Amani’ é cantado por quase todos, realçando um pouco a voz de João Faísca. Ao vivo, explicam, “a variedade de intérpretes tem sido enorme”, recordando as alturas em que convidam cantores locais para cantarem o ‘In Vain’ – é um dos temas mais antigos do coletivo.

Sendo Lagos a cidade natal da banda, um sítio “com uma envolvência natural muito especial”, João Faísca confessa que “alguns temas foram certamente pensados algures nos passeios diurnos e noturnos pelas praias, arribas ou ruas da cidade”.

“De certa forma”, acrescenta, “viver nestes pequenos paraísos e a vontade de os proteger, impele-nos a passar a mensagem de alerta para as importantes questões com que o nosso mundo tem de lidar (…) daí abordarmos as questões ambientais, como as alterações climáticas no tema “Icebergs de Freud”, as questões sociais como as migrações do mediterrâneo no tema “Magreb”, ou os conflitos armados ainda existentes na atualidade no tema “Tunataka Amani” (estes dois últimos singles pertencentes ao álbum anterior).

Enquanto grupo cultural, os ‘Plasticine’ querem manter-se “resilientes e motivados” a fazer a música que gostam. A missão da banda passa por “encontrar formas sustentáveis” de o fazerem, e tentar difundir “cada vez mais a nossa música quer ao vivo, quer nas nossas edições”, afirmam.

Créditos: Daniel Pina

Para Pedro Barroso, um dos elementos da banda, os ‘Plasticine’ alimentam-se do mundo que os rodeia, “dos acontecimentos que marcam a nossa atualidade e o nosso futuro”. Por outro lado, as influências da banda veem “do passado que está plasmado nos sons característicos de várias culturas e também de toda a bagagem musical que já assimilamos enquanto ouvintes e intérpretes de música”, refere.

Curiosamente, dizem já ter ouvido opiniões “de várias pessoas” que relacionaram alguns dos temas com bandas de rock progressivo como os ‘Camel’, de fusão como ‘Azimute’ e ‘Snarky Puppy’, ou mesmo a grupos mais étnicas, como os ‘Dhafer Youssef’ ou ‘Ibrahim Maalouf’.

Para este grupo promissor, a missão (que também é um desafio) é clara: “tentar misturar tudo o que gostamos neste lugar sem estilos, países, fronteiras, etnias”.

Ao JA, revelaram a magia por detrás do nome que escolheram para a banda. “A escolha surgiu pelas diferentes origens (cores) musicais dos elementos, que uma vez moldadas, dão forma a este espaço sonoro. Foi ‘Plasticine’ e não plasticina por uma questão internacional, e também por “cine” representar o carácter cinematográfico. No fundo é a banda sonora do filme das nossas vidas”.

Para os Plasticine, o futuro passará “sempre por uma encontrar formas que nos permitam manter o trabalho criativo e o projeto vivo. Isso implica expandir as nossas fronteiras, através da difusão da nossa música e na concretização de concertos”, concluem.

Assista aqui a um dos singles já lançados sobre as alterações climáticas. ‘Icebergs de Freud’ foi criado em parceria com o acordeonista João Frade, o rapper Perigo Público e DJ Sickonce.

Acompanhe o trabalho e as novidades sobre os ‘Plasticine’ aqui.

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