Novo programa de Matemática tem “erros sérios”

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Sem avaliar o programa de Matemática atualmente em vigor não faz qualquer sentido avançar para um novo programa que “contraria as orientações curriculares atuais para o ensino da Matemática reconhecidas internacionalmente”. Esta a principal conclusão a que chegou a Associação de Professores de Matemática (APM) ao analisar a proposta de programa de “Matemática A” avançada pelo Ministério da Educação.

No parecer hoje enviado às redações a direção da APM propõe que se “proceda à avaliação do programa de Matemática A atualmente em vigor” bem como do “primeiro ano de implementação nos 1.º, 3.º, 5.º e 7.º anos do ensino básico do programa de Matemática homologado em 2013” e que só com base nos resultados de tais estudos se proceda “aos ajustes e às alterações que se entenderem adequadas aos programas atrás referidos”.

A direção da APM acusa ainda o governo de ter concedido pouco tempo para discutir o programa de Matemática A para o ensino secundário, nada tendo feito para promover um debate alargado junto dos professores e escolas.

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Resultados podem piorar

Para os professores, o programa agora proposto é extenso mas “pouco exigente em relação às capacidades matemáticas mais complexas como a resolução de problemas”, introduzindo “conteúdos matemáticos desajustados e, sobretudo, abordagens de ensino inapropriadas tendo em conta a faixa etária dos alunos a que se dirigem”. E garante que te tal estratégia dará mau resultado.

“Tais conteúdos e abordagens não contribuem para as aprendizagens matemáticas genericamente consideradas relevantes no ensino secundário, não tendo paralelo em currículos internacionais dos países de referência. Além disso, conduziram a maus resultados há várias décadas em Portugal e um pouco por toda a parte, pelo que foram abandonados”, escrevem os professores da APM no seu parecer.

E dão dois exemplos: a introdução de um capítulo autónomo de Lógica e Teoria dos Conjuntos – tratado atualmente de “forma transversal” – e do estudo dos vetores através de relações e classes de equivalência – “excessivamente abstrata e formal que não faz sentido neste nível de ensino [secundário]”.

“Este excesso de formalismo e de abstração, juntamente com a grande extensão da lista de conteúdos matemáticos e as tímidas referências à utilização de tecnologias, constituem, em nosso entender, erros sérios que, a não serem corrigidos, irão dificultar uma aprendizagem de conteúdos e procedimentos matemáticos relevante e com significado para os alunos, limitar a experiência matemática vivida por eles e, reduzir cada vez mais, o seu envolvimento e interesse por esta disciplina”, argumenta a APM.

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) colocou em consulta pública, a 4 de novembro, as propostas de novos programas de Português, Matemática e Física e Química A do ensino secundário, e novas metas curriculares de diversas disciplinas do básico e secundário.

Carlos Abreu (Rede Expresso)

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