A ocorrência de um grande sismo no Algarve é “inevitável” e vai provocar danos na maioria dos edifícios, tornando-os inabitáveis. Isto sem falar da trágica perda de vidas humanas. A recuperação da região nunca será feita em menos de uma década! O alerta é do investigador João Estêvão, que denuncia ao JORNAL DO ALGARVE a falta de reforço sísmico das construções, mesmo nos edifícios alvo de reabilitação. “Só pretendem melhorar o conforto e a estética dos edifícios, o que é muito preocupante”, lamenta o especialista em engenharia sísmica da Universidade do Algarve
É capaz de fazer o exercício de imaginar o que seria do Algarve após uma catástrofe de grandes dimensões, como um sismo de forte magnitude? Consegue imaginar a perda de vidas humanas, os prejuízos materiais, os resultados negativos e as consequências físicas e psicológicas se se repetir uma catástrofe semelhante ao terramoto de 1755…?
Não se trata de assustar a população nem afugentar os turistas, mas a probabilidade de ocorrer um sismo na região algarvia é grande. Por isso, os especialistas acentuam que este problema não deve ser encarado – nem tratado – depois da catástrofe acontecer, mas tem de ser resolvido com políticas preventivas, das quais se destaca a construção de infraestruturas que resistam a sismos.
O próprio Simulador de Risco Sísmico para o Algarve concluiu, em 2001, que até o hospital de Faro, a principal unidade de saúde da região, ficaria inutilizada, devido aos danos estruturais no edifício.
Ou seja, já não é de agora que arquitetos e engenheiros têm vindo a alertar para o aumento do risco sísmico dos edifícios no Algarve. Porém, o assunto volta a preocupar – e muito – os especialistas, devido ao forte impulso que está a ser dado atualmente à reabilitação urbana.
“No Algarve, a existência de construções mais vulneráveis é motivo de preocupação, atendendo ao nível de perigosidade sísmica da região”, acentua João Estêvão, investigador em Engenharia Sísmica e docente na Universidade do Algarve, salientando que muitas obras não têm em atenção o correto comportamento sísmico, aumentando desta forma o risco sísmico da região.
Reabilitação ignora efeito devastador dos sismos
Em declarações exclusivas ao JORNAL DO ALGARVE, o especialista em engenharia sísmica explica que, “em relação às construções existentes mais vulneráveis (por exemplo as de alvenaria tradicional), a única forma de reduzir o risco sísmico é através de um reforço eficaz”, o que está a ser descurado e ignorado na maioria dos casos. Além disso, importa referir que o betão utilizado nas construções dos anos 60 e 70 já está a chegar ao fim da sua vida útil.
Em relação à generalidade das obras de reabilitação que estão a ser realizadas no Algarve, João Estêvão frisa que “não têm em atenção o efeito dos sismos” e “só pretendem melhorar o conforto e a estética dos edifícios, o que é muito preocupante”…
(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 14 DE JUNHO)
Nuno Couto|Jornal do Algarve