O fim da viagem para o autocarro do teatro?

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O autocarro – cujo interior está transformado em palco, plateia e camarins – leva espetáculos às aldeias e freguesias de toda a região desde 2006

O autocarro de dois andares que foi transformado em sala de espetáculos, em 2006, para levar o teatro às escolas e zonas rurais do Algarve, pode ter os dias contados. Apesar dos 218 mil euros investidos e de ser considerado um êxito a nível nacional e internacional, a Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) diz que faltam apoios para manter este serviço educativo

“Vamos Apanhar o Teatro” (VATe) é o nome do serviço educativo que a Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) desenvolve desde janeiro 2006 e que já passou por centenas de escolas do ensino básico ao longo dos últimos anos. O projeto assenta num autocarro de dois andares – com o interior transformado em palco, plateia de 31 lugares e camarins – que apresenta produções teatrais por toda a região do Algarve.

Após uma paragem de vários anos, devido à falta de verbas para resolver os problemas mecânicos da viatura, o autocarro voltou à estrada, mas poderá ser por poucos dias…

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A programação de 2015 começou no passado dia 14 de abril, nas escolas do ensino básico do concelho de Loulé, seguindo-se os concelhos de Castro Marim, Monchique, Lagoa, São Brás de Alportel, Vila do Bispo e Aljezur.

Desta vez, o trabalho pedagógico tem como referência o 25 de Abril. “Liberdades” é o tema do espetáculo proposto pela equipa do VATe, que propõe ainda a realização de trabalhos em ateliês com alunos e professores.

Mas tudo isto pode estar em risco de acabar por falta de apoios, alertam os responsáveis da companhia teatral algarvia. “Agora, tudo parece indicar que tem os seus dias contados, visto que têm saído gorados os esforços da ACTA no sentido da ação deste prestigiado serviço educativo ser desenvolvida num quadro de compromisso regional por via da AMAL”, lamentam.

Projeto alvo de atenção e curiosidade além-fronteiras

A ACTA pretendia, assim, que os municípios algarvios contribuíssem para assegurar o funcionamento do “autocarro do teatro”, mas as dificuldades financeiras que a maioria das autarquias atravessa pode estar a comprometer esse acordo.

A ACTA realça que, inicialmente, foram investidos no VATe cerca de 218 mil euros, provenientes de fundos comunitários, fundos autárquicos e fundos angariados pela própria companhia teatral. Por isso, considera que não faz sentido abandonar este serviço educativo que cumpre “uma missão estruturante num quadro de relação entre cultura e educação no contexto da região”.

Em 2010, a Companhia de Teatro do Algarve foi distinguida com o Prémio Gulbenkian, o mais prestigiado prémio nacional na área da educação. E, nos últimos anos, tem vindo a ser alvo da curiosidade e do interesse de várias instituições, nomeadamente da Universidade de Hidelberg (Alemanha), onde, em fevereiro de 2011, foi tema em debate numa conferência sobre técnicas e metodologias do ensino de línguas estrangeiras.

“O VATe tem estendido a sua ação também ao âmbito da formação de professores e educadores da Alemanha, Luxemburgo, Itália, Espanha, França, Roménia, Hungria, República Checa, Eslovénia e Turquia”, acrescentam, frisando que se trata de “um caso de êxito que tem levado o nome do Algarve à Europa!”.

Apesar disso, a ACTA receia que “a breve trecho” tenha de abandonar o projeto, “porque ele não colhe no Algarve o reconhecimento necessário à sua manutenção em atividade”.

Entretanto, em última hora, a Câmara de Lagoa decidiu atribuir três mil euros à ACTA para apoiar o projeto VAte. “Este apoio vai permitir a realização de visitas às escolas básicas do agrupamento Rio Arade, nos dias 5, 6, e 7 de maio, para a apresentação do espetáculo de teatro ‘Liberdades’, seguido de ateliês nas salas de aula, a alunos do 3º e 4º anos de escolaridade”, adianta a autarquia.

O apoio da Câmara de Lagoa inclui a alimentação e o alojamento para os artistas, incluídos no subsídio atribuído.

NC/JA

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