O homem a quem só faltou ser Presidente do Brasil

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Eduardo Campos com Lula da Silva e Dilma Roussef

Os brasileiros são supersticiosos por natureza e se a morte de um candidato presidencial, por si só, impressiona, uma morte trágica numa data simbólica pode fazer nascer um mito. Eduardo Campos, o economista candidato à Presidência da República do Brasil, morreu no mesmo dia que o seu avô, Miguel Arraes, uma das grandes referências políticas do Brasil.

Eduardo Henrique Accioly Campos conjuga contradições desde a origem. Nasceu em Recife e bebeu política desde o berço: o avô, Miguel Arraes, é uma das principais referências de esquerda da política brasileira. Esteve exilado durante a ditadura militar. A mãe, Ana Arraes, foi deputada federal e é juíza do Tribunal de Contas e o pai, Maximiano Campos, foi poeta. Apesar de serem democratas de longa data, o apelido não esconde a origem aristocrática: os Accioly são uma família da elite pernambucana.

Licenciado em Economia pela universidade de Pernambuco assumiu cedo a veia política, tendo sido eleito presidente da Associação Académica, na década de 80. Quando chegou a altura de fazer o seu mestrado, nos Estados Unidos, preferiu participar na campanha que elegeu o avô governador de Pernambuco, tendo depois, sido seu chefe de Gabinete, e o responsável pela criação da primeira secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste.

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Filiou-se no Partido Socialista Brasileiro em 1990, o mesmo ano em que foi eleito deputado estadual. Quatro anos mais tarde chega a deputado federal e pede licença do cargo para integrar o governo do avô [no estado do Pernambuco] como secretário de Fazenda.

Em 2004, a convite do então Presidente Lula da Silva, Eduardo Campos assume o Ministério da Ciência e Tecnologia, tornando-se o mais jovem dos nomeados, com 39 anos. No ano seguinte, é eleito presidente do PSB e, após o discurso de posse, foi aplaudido de pé pelos presentes, entre os quais Lula da Silva. Seguindo os passos do avô, chega a governador de Pernambuco em 2007 e é reeleito no mandato seguinte.

Só lhe faltou ser Presidente do Brasil

Faltava-lhe apenas ser Presidente do Brasil, mas morreu antes da corrida chegar ao fim. Frontal, exigia mudanças, embora tentasse equilibrar os ideais utópicos de Marina Silva com o pragmatismo das exigências dos empresários.

Casado com uma auditora do Tribunal de Contas de Pernambuco, é pai de cinco filhos. O mais novo, Miguel, tem Síndrome de Down. Eduardo foi um feroz adversário da legalização do aborto.

Na passada segunda-feira, foi entrevistado no “Jornal Nacional”, telejornal e um dos programas com maior audiência da televisão brasileira: “Não perdemos de 7 a 1 apenas na Copa”.

Ainda faltavam dois meses para as eleições, quando a vida pregou uma partida a Eduardo Campos, o homem que sobre o seu futuro, chegou a dizer: “Vai muito além de Outubro de 2014”.

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