O homem que queria salvar vidas em caso de catástrofe

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Luís Mendes Victor alertou desde sempre que o perigo de risco sísmico é ainda maior hoje em dia, devido à maior concentração de pessoas, às construções antigas e à altura cada vez maior dos edifícios

O geofísico Luís Mendes Victor, que dedicou mais de 40 anos da sua carreira à investigação nas diversas áreas da geofísica, vai ser homenageado, no próximo dia 6 de setembro, às 9h30, no salão nobre dos antigos paços do concelho de Lagos.

A cerimónia, que também inclui a atribuição do seu nome a um arruamento da cidade de Lagos, às 11h30, está inserida no programa do II Seminário do Projeto INsPIREd.

“A morte do professor Luís Mendes Victor no dia 24 de março de 2013 (aos 81 anos) não interrompeu o seu trabalho em Lagos, já que ele prossegue, como seria a sua vontade, na continuidade que se tem dado aos estudos que iniciou, com o objetivo final de salvar vidas em caso de catástrofe”, adianta a autarquia.

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Professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ensinou geofísica, sismologia, prospeção geofísica e hidrologia. Na Universidade de Lisboa, foi diretor do Instituto Geofísico Infante Dom Luiz, considerando-se que introduziu em Portugal o ensino e a investigação moderna em geofísica.

No plano de ação da homenagem nacional pode ler-se: “É patente, ao longo da sua brilhante carreira, a preocupação com o sofrimento humano em consequência de catástrofes naturais e a importância que para si revestia uma aplicação integrada do conhecimento geofísico para prevenir e minimizar os seus efeitos, mediante uma abordagem interdisciplinar e cooperação internacional”.

Sensibilização da população

Do trabalho desenvolvido por Luís Mendes Victor em Lagos destaca-se a organização do seminário “Coastal and Tsunami Early Warning Systems” (2001), a elaboração do “Estudo de Risco Sísmico no Centro Histórico de Lagos” (2002-2005) e a publicação dos resultados do estudo em livro, com duas edições em português e em inglês (2006). Esteve também envolvido no Projeto Vulresada, “Gestion des Zones Côtières Face aux Risques Sismique et de Tsunami: Impact Socioéconomique” (2012-2013), onde durante este período realizou várias sessões públicas de apresentação dos estudos e de sensibilização da população.

Em declarações ao JA, em agosto de 2007, Mendes Victor afirmou que “a hora da catástrofe determinará o número de vítimas e a extensão da destruição” de um sismo, seguido de tsunami, no Algarve.

Esta foi, desde sempre, a convicção do coordenador do estudo do risco sísmico do centro histórico de Lagos. “Um sismo e um tsunami provocarão mais vítimas se sucederem durante um dia de verão, em relação a uma noite de inverno, pois estarão milhares de pessoas nas ruas e nas praias. Ou seja, não há dúvidas de que o número de mortes e os prejuízos serão bastante mais elevados no primeiro caso”, frisou o especialista.

Consequências catastróficas e sem precedentes na região

Mendes Victor chegou mesmo a adiantar ao nosso jornal que a ocorrência de um tsunami poderia ter consequências catastróficas e sem precedentes na região. “As pessoas ainda não estão prontas para lidar com uma situação destas. Falta capacidade de reação perante a perigosidade de um sismo e tsunami”, alertou.

Apesar de hoje em dia a tecnologia estar muito mais avançada, o professor salientou que o risco sísmico é ainda maior, devido “à maior concentração de pessoas, às construções antigas e à altura cada vez maior dos edifícios”.

Mendes Victor disse mesmo ao JA que um grande sismo poderia arruinar 60 por cento dos centros históricos da região.

NC/JA

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