“O hospital de Portimão deixou de ser um recurso confiável”

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Os utentes marcaram uma nova concentração, no dia 14 de janeiro, às 15h00, em frente ao hospital, onde nos últimos dois anos se têm repetido as ações de protesto

A Comissão de Utentes de Saúde de Portimão denuncia que “o hospital deixou de ser um recurso confiável, para se tornar um motivo de preocupação e receio para os utentes”. A falta de médicos, enfermeiros e equipamentos continuam a gerar muita “indignação” entre os utentes, que vão promover uma nova concentração, no próximo dia 14 de janeiro, em frente ao hospital de Portimão. A comissão exige o fim das “situações que põem em causa a vida das pessoas”

 

O alerta feito pela Comissão de Utentes do SNS de Portimão, através de um comunicado enviado à redação do JA, volta a colocar o dedo na ferida em relação à carência de profissionais de saúde e recursos materiais naquela unidade de saúde – um problema que se arrasta há vários anos sem uma solução à vista.

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“O hospital de Portimão deixou de ser um recurso confiável, para se tornar um motivo de preocupação e receio para os utentes que a ele recorrem. Há muito que vem sendo denunciada a falta de recursos materiais e humanos e é unânime a indignação dos profissionais que ali trabalham”, afiança a comissão.

Face a esta situação, os utentes marcaram uma nova concentração, no próximo dia 14 de janeiro, às 15h00, em frente ao hospital de Portimão, onde nos últimos dois anos se têm repetido as ações de protesto. O objetivo é “denunciar que continua a evidente degradação dos serviços com que os utentes se defrontam diariamente” naquela unidade, onde além da falta de médicos e enfermeiros, faltam também macas e lençóis, entre outros equipamentos.

Situações que põem em causa a vida das pessoas

A comissão de utentes realça que a situação só não é mais grave devido à “enorme entrega e resistência dos profissionais”, que tem “evitado males maiores”.

“Os utentes não esquecem a importância do afrontamento do anterior Governo que quase destruiu o SNS, mas a situação atual reclama respostas que tardam a ser tomadas”, sublinham os utentes, acentuando que “com o inverno vem o pico da gripe, um aumento do turismo nas festas e continua o caos nas urgências do hospital de Portimão”.

Neste sentido, a Comissão de Utentes do SNS de Portimão exige “a imediata resolução dos problemas verificados” para “por cobro a situações tão trágicas e que põem em causa a vida e a integridade das pessoas, como as que se verificam no hospital de Portimão”.

“Os piores índices registados nos últimos anos”

Há cerca de um mês, foi o próprio ministro da Saúde que admitiu que algo não está bem no Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que resultou da fusão das unidades hospitalares de Faro, Portimão e Lagos, em 2013.

Desde então, os profissionais de saúde, a população e os autarcas têm denunciado o agravamento dos problemas, que vão desde a falta de médicos, enfermeiros e materiais, até à rutura de serviços que comprometem a prestação de cuidados de saúde aos utentes.

O último episódio nesta “novela” foi a recente demissão de cinco diretores do CHA, alegando “falta de condições para continuar”. Os médicos explicaram que as dificuldades “têm condicionado a quantidade e a qualidade assistencial”, o que se reflete nos “piores índices registados nos últimos anos”.

Dias antes, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, escreveu uma nota após uma reportagem na SIC sobre o hospital de Portimão, descrevendo as imagens como “chocantes e “próprias de um país subdesenvolvido”.

Os números da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve não deixam dúvidas sobre os problemas que afetam os hospitais da região. Estima-se que faltam nos hospitais de Faro, Portimão e Lagos mais de 300 profissionais de saúde.

Lagos reclama novo hospital

Entretanto, o hospital de Lagos também está na mira dos habitantes e dos autarcas de Lagos, Aljezur e Vila do Bispo. Esta unidade de saúde está instalada num edifício com seis séculos e cujas condições deixam muito a desejar. A situação agrava-se a cada dia que passa com a falta de médicos, enfermeiros e equipamentos.

A construção do novo hospital está prevista desde o final de 2009, tendo a câmara cedido inclusivamente um terreno para o efeito na zona denominada por Tecnopolis. O investimento do projeto chegou mesmo a ser anunciado pelo Ministério da Saúde, na ordem dos 27 milhões de euros. Já o velhinho hospital estaria destinado a transformar-se numa pousada. Porém, a “crise” chegou ao nosso país e, até hoje, o projeto nunca avançou por falta de financiamento.

Esta situação levou recentemente à aprovação de uma moção na assembleia municipal de Lagos, com o voto favorável de todas as bancadas, onde os deputados frisam que a construção de um novo hospital público em Lagos é cada vez mais urgente, já que “a situação piorou nos últimos anos”, com a criação do Centro Hospitalar do Algarve, sendo que “o hospital de Lagos foi perdendo valências básicas indispensáveis à população”.

Em 2004, o hospital de Lagos foi integrado no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA). Logo nesse ano, foi encerrado o bloco operatório do hospital de Lagos.

Mais tarde, em 2013, deu-se a fusão dos hospitais de Faro, Portimão e Lagos, que originou o atual Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e a perda de mais algumas valências.

(NOTÍCIA PUBLICADA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JA – DIA 5 DE JANEIRO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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