O maior presépio do País é algarvio

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Ao longo de 230 metros, no interior do Centro Cultural António Aleixo em Vila Real de Santo António, está o maior presépio do País. A completar este ano a maioridade, esta tradição vilarrealense tem vindo a crescer anualmente, a impressionar cada vez mais os seus visitantes e a proporcionar mais trabalho (e prazer) a quem o constrói

A história desta tradição começou há 18 anos, quando o presépio foi feito naquele local por um popular de Castro Marim durante cinco natais consecutivos. “O primeiro presépio tinha 20 metros e demorava cerca de uma semana a ser construído”, refere ao JA Augusto Rosa, funcionário da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e um dos mentores deste projeto.


Como havia uma boa recetividade por parte do público que visitou o presépio durante os primeiros anos, a autarquia decidiu continuar com este projeto, pois “tornou-se uma tradição”, acrescenta Augusto.

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Mais de 40 dias de trabalho

Teresa Marques e Augusto Rosa estão à frente do projeto

Para terminar o presépio, “este ano demorou 43 dias, com 12 horas diárias de trabalho”, salientou Teresa Marques, outra funcionária da autarquia que entrega a alma a este projeto.


Cerca de 20 toneladas de areia, quatro toneladas de pó de pedra, 3000 quilos de cortiça, pedra, madeira, metais, eletricidade e centenas de adereços são alguns dos materiais usados na construção do projeto que, “visto ao contrário, é outro presépio. Debaixo dele estão metros e metros de cabos. Ninguém imagina”, refere Teresa ao JA.


“Antes de começar o presépio, já está muito trabalho feito por trás”, adianta Augusto, que refere que a montagem começa pela parte do castelo, a mais alta, que homenageia o concelho vizinho de Castro Marim.


Com cerca de 5600 figuras presentes ao longo do presépio, mais de uma centena delas estão em constante movimento, representando alguma ação ou profissão da época.


“Muitas das peças são feitas por nós, porque não há no mercado. Então temos as ideias e metemos em prática”, acrescenta.
Augusto e Teresa têm vindo também a apostar na vertente ecológica com materiais naturais e reaproveitados, como o musgo, além da implementação de iluminação LED em muitas das peças.


Uma vez que a área do Centro Cultural do António Aleixo já está praticamente ocupada com o presépio e não há espaço para aumentá-lo, Teresa garante que agora pretende “apostar na qualidade” com a substituição de algumas peças “que já não fazem sentido com a dinâmica do projeto”.


Uma vez que o presépio conta uma história, Augusto e Teresa têm vindo ao longo dos anos a acrescentar pormenores que fazem parte do passado, mas que são importantes, como o teatro e o palácio de Herodes.


Para homenagear o sotavento algarvio, o presépio contém ainda “pequenos pormenores” como o obelisco de Vila Real de Santo António, as cabanas de Monte Gordo e as salinas de Castro Marim.


Augusto destacou ao JA que o presépio “representa também muitas profissões que já desapareceram ou que estão em vias de desaparecer” e considera que é importante mostrá-las, principalmente aos mais jovens.

Pandemia rouba visitantes

Antes da pandemia de covid-19, o presépio quebrava recordes de visitantes anualmente. Só em 2019, “entre pagantes e não pagantes”, foram cerca de 37 mil pessoas que passaram pelo presépio de Vila Real de Santo António, segundo Teresa.


“Temos pessoas que vêm todos os anos, mas em 2020 não temos os espanhóis devido ao vírus”, refere Teresa ao JA, acerca dos nuestros hermanos que anualmente visitam a cidade, de propósito, para ver o presépio.


Este ano, além de portugueses, o presépio tem recebido a visita de italianos, holandeses e franceses, nomeadamente residentes no Algarve.


Teresa e Augusto só têm recebido elogios. “As pessoas dizem que, de ano para ano, está mais bonito”, acrescentam.


No entanto, ainda há pessoas residentes em Vila Real de Santo António que desconhecem aquela obra de arte, disponível a qualquer um por apenas 0,50 cêntimos: “Há muitas pessoas que passam aqui à porta do Centro Cultural e não entram porque pensam que é sempre igual. No entanto, esteve cá um senhor de Vila Real de Santo António que disse que nunca imaginou que o presépio fosse assim”.


Devido à pandemia de covid-19, a organização implementou novas regras sanitárias como o uso obrigatório de máscara dentro do edifício, entradas e saídas diferenciadas, gel desinfetante espalhado pela sala e sinalética no chão para manter a distância.

Tradição natalícia do Algarve

As salinas e o Forte de Castro Marim também fazem parte deste presépio

Para Conceição Cabrita, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, “o presépio gigante já faz parte das tradições natalícias do Algarve e é, sem dúvida, um dos eventos âncora do município, reunindo visitantes de todas as idades e de todos os pontos do país”, refere em comunicado.


“Mesmo em ano de pandemia, não quisemos deixar de dar vida a esta tradição e reunimos todos os esforços não só para colocar a estrutura de pé, mas também para assegurar todas as condições de segurança e higiene para quem visitar o presépio”, acrescenta.


O presépio tem a assinatura de Augusto Rosa e Teresa Marques, que contaram com a colaboração de Joaquim Soares e António Bartolomeu e pode ser visitado no Centro Cultural António Aleixo até 6 de janeiro de 2021, diariamente das 10:00 às 13:00 e das 14:30 às 19:00, com um custo de 0,50 cêntimos.

Gonçalo Dourado

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