Dizer que “o Algarve tem o melhor peixe do mundo” até pode ser propaganda, mas a frase “é bem escolhida”. O problema é que, se consumíssemos apenas o que pescamos nas nossas águas, só teríamos peixe “até ao final do primeiro trimestre do ano”. Daí o mercado estar inundado por pescado importado, uma tendência que está a aumentar. Pode a aquacultura ser alternativa? Talvez. Mas está provado que “a qualidade do peixe criado e alimentado em cativeiro é inferior”. A situação é “delicada”, como contam ao JA Miguel Cardoso, da Organização de Produtores de Pesca do Algarve (Olhãopesca), a bióloga Sónia Olim, da Associação de Armadores de Pesca da Fuzeta, e a investigadora Margarida Castro, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve
É um alerta numa das regiões mais dependentes de pescado da União Europeia: o peixe capturado nas águas nacionais apenas sustentaria a procura interna “até ao final do primeiro trimestre do ano”, diz ao JA o presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve (Olhãopesca), Miguel Cardoso. Esta data corresponde ao dia a partir do qual um país deixa de ser auto-suficiente nesse ano em relação ao pescado que consome. Ou seja, os nossos recursos naturais não dão para mais de três meses, uma situação que tem vindo a piorar nos últimos anos…
(Reportagem publicada na íntegra na última edição do JA – dia 11 de agosto)
Nuno Couto | Jornal do Algarve