O professor é um cidadão normal?

Muitas vezes nos esquecemos do ser humano que está por detrás do professor. Do ser humano que está por detrás daquele profissional que tudo faz para desempenhar, da melhor forma, o seu papel. Faz porque tem consciência da importância do trabalho que desempenha em prol das gerações vindouras. Faz porque tem consciência de que o futuro do seu país está nas suas mãos. Faz porque sabe que contribui para a evolução deste país, se criarmos nas nossas crianças e nos nossos jovens a capacidade de pensarem o seu país, de tomarem decisões certas para bem de todos, de participarem na vida deste país. Tudo isto para além do seu papel original de construir conhecimento com os seus alunos.


Sim, o professor é essencial e fundamental para a construção da sociedade, para contribuir para a mobilidade social, para promover o pensamento crítico, para ensinar a aplicar conhecimentos em novas situações. Sim, o professor exerce um trabalho nobre e de muita responsabilidade. Mas não obrigado, eu não quero ser professor quando for grande! O trabalho é mal remunerado, o docente é sistematicamente confrontado nas suas competências, é desvalorizado pela sociedade . Então quem vai fazer o trabalho dos professores? Quem vai orientar os sistemas educativos para contribuir para o desenvolvimento de valores e de competências nos alunos que lhes permitam responder aos desafios complexos deste século e fazer face às imprevisibilidades resultantes da evolução do conhecimento e da tecnologia?


A presente realidade coloca desafios novos à educação. O conhecimento científico e tecnológico evolui a um ritmo de tal forma acelerado, que somos confrontados diariamente com um crescimento elevadíssimo de informação, a uma escala global. As questões relacionadas com identidade e segurança, sustentabilidade, inovação e criatividade estão no centro da vida das pessoas. As ligações entre o indivíduo e a sociedade colocam à educação e aos professores múltiplos desafios que suscitam diversas questões.


Os professores, confrontados com uma realidade atípica, vestem capas de super-heróis e todos os dias saltam para fora da caixa, erguendo o olhar para os seus alunos e desenhando, em conjunto, inúmeras estratégias de superação. Convictos da missão heroica de que ninguém fica para trás, trabalham todos os dias, em prol de uma educação que consiga chegar, de forma eficaz, a todos os alunos.


Apesar da educação neste país aparentar ser um ato isolado da classe docente, é imprescindível que haja uma estrutura social e política que mantenha a valorização e reconhecimento da profissão. Começando pelas decisões tomadas pelos nossos governantes, que, para além de terem de assegurar o justo investimento financeiro na educação, têm o dever de criar todas as condições que possibilitem uma carreira docente específica, tendo em conta todas as características do serviço docente, e com uma remuneração adequada. Uma carreira sem desigualdades ao nível da progressão, onde tem de haver a garantia de uma evolução que corresponda ao real desempenho profissional. Uma carreira sem desgaste devido ao sobretrabalho. Uma carreira em que o acesso não demore décadas, levando à desmotivação e desistência de quem sonhava construir uma vida estável sendo professor. Uma carreira com uma aposentação a tempo de permitir uma saída digna e com saúde.


Por mais que se veja o professor como um profissional multifacetado e diferenciado, nunca devemos esquecer que é um cidadão normal!

Beatriz Calafate

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