O que podemos esperar da municipalização da Educação?

LP
LPhttps://www.jornaldoalgarve.pt
Colaboradora. Designer.

O Governo PS, em entendimento com o PSD, acordou a chamada transferência de competências para as Câmaras Municipais, a Lei-Quadro no50/2018. Este dispositivo legal transfere competências numa série de áreas da vida nacional, nomeadamente na área da Educação, através do Decreto-Lei no21/2019.

De realçar que entendimentos entre o PS e o PSD não são novidade, desde sempre que estas duas forças políticas se entendem como se de velhos amigos se tratassem. Aqui a novidade é perceber a razão de tal acordo, sendo que as matérias a transferir sempre foram, E BEM!, exercidas e geridas pelas próprias escolas. São disso exemplo, a ação social escolar, as cantinas e refeitórios, a gestão do pessoal não docente, a aquisição de materiais e equipamentos para as escolas.

Aliás, nos casos em que algumas delas já são geridas pelos municípios, o que se verifica é uma degradação do serviço e a entrega a privados por inoperância das autarquias. Que pai ou avô não se apercebeu que os seus filhos ou netos, que estão no 1.º ciclo, passaram a comer pior desde que esse serviço foi transferido para as câmaras municipais? Agora imaginemos como será daqui para a frente em que, com a municipalização, as câmaras ficam responsáveis por quase tudo nas escolas.

No Algarve, os municípios que aceitaram competências na área da Educação são: Aljezur (PS), Faro (PSD), Lagos (PS), Monchique (PSD) e Portimão (PS) (segundo informação da direção geral das autarquias locais – DGAL).

O que este Governo está a fazer é tornar a Educação em Portugal num negócio e isso é completamente inaceitável. A escola deve ser o espaço de ensino por excelência, democrática, inclusiva e de qualidade para todos e o Governo não se pode desresponsabilizar desta sua função social.

Para além disso, com a municipalização irão acentuar-se as assimetrias entre municípios,ou seja, os que têm mais dinheiro ficarão sempre em vantagem relativamente aos outros.
Sendo assim, se este processo não for revertido, o que podemos esperar da municipalização da Educação é uma inevitável decadência educativa e social em Portugal.

O que o Governo tem de fazer, para que a escola pública funcione de verdade, é aumentar o seu financiamento, a sua autonomia, criar mecanismos que promovam a estabilidade do corpo docente, dotar as escolas de recursos humanos e materiais para que esta possa, efetivamente, cumprir a sua função educativa e pedagógica de formar os homens e mulheres do amanhã.

Catarina Marques

professora e Dirigente Sindical do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS)

Deixe um comentário

Exclusivos

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de abril

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

O legado do jornal regional que vai além fronteiras

No sábado passado, dia 30 de março, o JORNAL do ALGARVE comemorou o seu...

Noélia Jerónimo: “Cozinho a minha paisagem”

JORNAL do ALGARVE (JA) - Quem é que a ensinou a cozinhar?Noélia Jerónimo (NJ)...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.