No Mali, em nome da guerra ao terrorismo, a França volta a exercer o papel de gendarme (polícia) no continente africano. Islamitas ameaçam responder com atentados “no coração” gaulês.
Forças aéreas vindas das bases francesas no Chade ou de unidades navais ao largo do Senegal, blindados e outras forças terrestres deslocadas da Costa do Marfim… a França mobilizou forças consideráveis para travar o avanço dos islamistas radicais no Mali.
A guerra da França contra os guerrilheiros islâmicos que ocupam o norte do Mali e alegadamente ameaçavam cercar a capital, Bamako, dura há cinco dias e poderá intensificar-se com a chegada nas próximas horas de novos reforços franceses e de militares de alguns países da região do oeste do continente africano.
Plano antiterrorista reforçado
Os islamitas juram vingança, ameaçam atacar a França “no coração”e o Governo de Paris decidiu reforçar a segurança dos interesses franceses, designadamente embaixadas, consulados e escolas, em todo o mundo, sobretudo no continente africano e nos países árabes.
No hexágono francês, o plano “vigipirate”, de vigilância antiterrorista, subiu para o nível “vermelho reforçado”, o que implica a mobilização do exército para missões de patrulha em pontos sensíveis nas principais cidades.
Ameaça islâmica na região e na Europa
Pouco mais de um ano depois de ter deposto, com a ajuda da sua força militar presente no país, o então Presidente Laurent Gbagbo, na Costa do Marfim, a França volta a intervir militarmente na mesma região, desta vez a pedido do Presidente Dioncounda Traoré, do Mali.
A decisão de lançar a guerra contra os islamitas foi assumida pelo Presidente François Hollande, que se preocupou sobretudo em afastar eventuais acusações de “intervenção neocolonialista” para salvar um regime amigo na ex-colónia.
A presidência francesa garante que os guerrilheiros islamitas ameaçavam conquistar todo o Mali e que constituíam uma ameaça para toda a região e também para a Europa. De momento, François Hollande conta com o apoio do essencial das forças políticas do país, incluindo da extrema-direita.
Fracasso na Somália
Os rebeldes, cujas bases no norte do Mali continuavam a ser atacadas esta manhã pela aviação francesa, dizem que as tropas francesas vão conhecer neste país o mesmo destino – “cair em armadilhas constantes” – que o das tropas ocidentais que atacaram ou invadiram a Somália, o Afeganistão ou o Iraque.
Entretanto, a França envolveu-se igualmente, na sexta-feira passada, numa outra operação militar, na Somália, igualmente contra radicais islâmicos mas completamente distinta da do Mali.
Para tentar libertar um refém francês detido por um grupo somali há três anos e meio, comandos das forças especiais francesas atacaram a base dos sequestradores mas perderam dois homens e o refém, um agente secreto francês, terá sido morto.
No Mali, os islamitas também têm consigo sete reféns franceses, um deles de origem portuguesa.