“O SNS falhou neste caso, os cortes não permitiram ter recursos”

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Luís Cunha Ribeiro não tem dúvidas: “Neste caso, o Serviço Nacional de Saúde [SNS] falhou”. E justifica porquê: “Nos últimos anos, por cortes que tivemos na área da saúde, estivemos impossibilitados de ter recursos humanos para dar respostas a situações de doentes como este”, afirmou em conferência de imprensa sem direito a perguntas, esta terça-feira à noite.

“[O SNS] não teve capacidade de recursos humanos – de que não dispúnhamos porque não nos foram dadas as condições para o mesmo – e, portanto, não tivemos capacidade enquanto serviço, enquanto rede, de responder às necessidades deste nosso cocidadão cuja morte lamentamos profundamente”, disse ainda Luís Cunha Ribeiro, numa declaração à RTP.

Nesse sentido, o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo anunciou na conferência de imprensa que apresentou a demissão ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (inclui o São José), Teresa Sustelo, e o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (inclui o Santa Maria), Carlos Martins, também se demitiram.

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Na hora da saída, Luís Cunha Ribeiro deixou uma garantia: casos como este não voltarão a acontecer. “A partir deste momento, e foi-nos autorizado pela equipa do Ministério da Saúde, em ambos os hospitais passa a haver resposta para situações deste género. Isto não limpa nem permite esquecer ou desculpar o que aconteceu, mas demonstra a vitalidade do SNS e a sua capacidade de resposta.”

“Gostaríamos igualmente de comunicar que estes dois centros hospitalares são dos centros mais importantes deste país e indubitavelmente a força principal do sistema hospitalar na região de Lisboa e Vale do Tejo. Desde já, tomaram as medidas necessárias para que situações semelhantes não voltem a ocorrer, disponibilizando os recursos necessários a situações semelhantes àquela que infelizmente se verificou”, referiu ainda à RTP.

David Duarte, de 29 anos, perdeu a vida na madrugada de 13 para 14 de dezembro (de domingo para segunda-feira) no Hospital de São José, em Lisboa, porque a equipa médica que o poderia salvar recusa trabalhar ao fim de semana pelo valor que o Estado paga. Numa carta publicada esta terça-feira pelo Expresso, a namorada de David Duarte escreve um testemunho raro no qual explica o sucedido à chegada ao hospital.

“Anunciaram-nos, descontraidamente, que se tratava da rutura de um aneurisma, que o sangue se espalhou pelo cérebro e que, geralmente, estes casos de urgência teriam de ser tratados de imediato, ou seja, o doente teria de ser logo operado. Mas como os médicos referiram, infelizmente calhou ser numa sexta-feira, logo não iria haver equipa de neurocirurgiões durante o fim de semana.”

A morte de David Duarte por falta de médicos na escala de fim de semana capazes de intervir em casos de rutura de aneurisma (provocando uma hemorragia cerebral) “acelerou” o desfecho de uma negociação que se arrastava. Fonte do hospital revelou ao Expresso que já foi possível chegar a acordo com a tutela para aumentar o valor pago aos especialistas pelo trabalho extraordinário aos sábados e domingos.

(Rede Expresso)

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