O único suspeito da morte de Rodrigo Lapa é finalmente acusado

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Joaquim Lara Pinto viajou para o Brasil no dia a seguir ao crime. O padrasto e principal suspeito da morte de Rodrigo Lapa foi constituído arguido em setembro de 2017

Mais de dois anos depois do crime cometido em Portimão, o padrasto de Rodrigo Lapa foi formalmente acusado no Brasil por homicídio qualificado e profanação de cadáver, arriscando uma pena superior a 30 anos. A família e os amigos estão “aliviados e felizes” com este passo decisivo da justiça

 

O JORNAL DO ALGARVE sabe que as autoridades portuguesas estão prontas para enviar para o Brasil, a qualquer momento, o processo de cinco volumes relativo ao crime de homicídio de Rodrigo Lapa, o jovem de 15 anos encontrado morto, no dia 2 de março de 2016, a menos de 100 metros de casa, na zona do Malheiro, em Portimão.

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Contactados esta semana pelo nosso jornal, os amigos e o pai do jovem mostram-se satisfeitos com esta decisão, que já era aguardada com muita expetativa há vários meses.

“Estamos muito contentes e aliviados, pois este sempre foi o nosso objetivo: ver a justiça a funcionar”, desabafou Luís Figueiras, um dos amigos que fundou a página ‘Rodrigo Lapa, o nosso menino’ nas redes sociais, para não deixar cair este crime brutal no esquecimento.

“Demorou dois anos até chegar aqui, corremos imenso para chegar a este ponto e confesso que até já estávamos um pouco desesperados. Mas, finalmente, chegou a altura”, refere o amigo de Rodrigo Lapa.

Tal como já era esperado, após a fuga do principal suspeito para o Brasil, no dia seguinte ao crime, Joaquim Lara Pinto vai responder pelos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver nos tribunais brasileiros, onde as penas para estes delitos são mais pesadas. Assim, o padrasto de Rodrigo Lapa arrisca ser condenado a mais de trinta anos de prisão só pelo homicídio qualificado, quando a pena máxima em Portugal é de 25 anos.

“Uma vitória para nós”

“Isto até acaba por ser justo, visto que no Brasil a pena por homicídio qualificado vai até 30 anos, isto tirando os outros crimes de que está acusado. Por isso, estamos contentes”, salienta Luís Figueiras ao JORNAL DO ALGARVE.

Também o advogado da vítima, Pedro Proença, já comentou a acusação como sendo “uma vitória para nós”. “Pelo menos temos alguém indiciado”, frisou.

Entretanto, o advogado que defende Joaquim Lara Pinto revelou a um jornal brasileiro (Olhar Direto) que está a aguardar a chegada do processo para preparar a defesa do arguido.

Nós fomos notificados que estão a apresentar a versão da denúncia deles. Agora, é aguardar que chegue ao Brasil. Veremos os termos da denúncia para apresentar a sua defesa”, comentou o advogado Raphael Arantes.

Refira-se que, há cerca de oito meses, quando foi ouvido pelas autoridades brasileiras, o advogado do padrasto do jovem apresentou um atestado médico alegando que o suspeito sofre de doença psiquiátrica, além de que não se lembra de nada que envolva o desaparecimento e posterior morte do jovem.

Para Luís Figueiras, “Joaquim está a fazer o papel dele, apenas para ganhar tempo, mas sabemos que o trabalho dos nossos inspetores foi brilhante e, a seu tempo, é certo que a justiça chegará”.

Um crime brutal

Rodrigo Lapa tinha 15 anos quando foi brutalmente assassinado à pancada. O jovem estava desaparecido há mais de uma semana quando o corpo foi encontrado, a 2 de março de 2016, com as mãos amarradas e uma corda atada ao pescoço, a cerca de 100 metros da casa onde vivia com a mãe, a irmã bebé e o padrasto, na zona do Malheiro, em Portimão.

Coincidência ou não, no dia do desaparecimento, o padrasto do jovem viajou para o Brasil, a sua terra natal. Por isso, Joaquim Lara Pinto foi desde logo considerado o principal suspeito do crime e foi constituído arguido, em setembro de 2017. Porém, a extradição do suspeito esteve sempre fora de questão, já que o Brasil não extradita naturais do país.

A mãe do jovem, Célia Barreto, disse na primeira vez que foi ouvida pelas autoridades que viu o filho sair de casa e falou com ele. Mas, no último interrogatório, admitiu que acordou com os gritos da discussão entre o companheiro e Rodrigo, mas que não se levantou. Célia Barreto é apenas testemunha neste processo que vai agora ser julgado no Brasil, já que o Ministério Público decidiu que a progenitora não seria constituída arguida.

Já o pai, Sérgio, está muito debilitado desde a morte do filho. “Ele está de rastos”, tendo já tentado o suicídio “várias vezes” por não se conformar com a morte do filho, comenta o amigo da família.

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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