Obama fecha torneira do petróleo e do gás no Ártico e no Atlântico

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A administração norte-americana prepara-se para anunciar, possivelmente já este terça-feira, medidas para impedir a exploração de petróleo e gás em todo o Ártico e em grande parte da costa dos EUA banhada pelo oceano Atlântico, num plano que prevê a travagem deste tipo de explorações offshore até 2022.

A notícia foi avançada esta manhã pelo “New York Times”, que classifica a decisão do Departamento do Interior como uma “surpresa”, por representar um recuo do Presidente Barack Obama face aos anteriores planos de exploração petrolífera e gás ao largo da costa atlântica e no Ártico.

Fonte familiarizada com a decisão, que falou ao diário nova-iorquino sob anonimato por não ter ainda havido um anúncio formal, diz que este é um dos maiores esforços de Obama no âmbito da sua agenda de combate às alterações climáticas, na tentativa de deixar um legado ambientalista antes de abandonar a presidência dos EUA em janeiro.

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A confirmar-se o plano democrata, o tema do aquecimento global e da exploração petrolífera deverá ganhar destaque nas primárias norte-americanas atualmente em curso. Todos os candidatos à nomeação republicana e a maioria dos membros desse partido defendem a expansão dos planos de exploração petrolífera e de gás nas águas territoriais dos EUA — com muitos deles a classificarem o aquecimento global e a ameaça que representa para o planeta Terra como “um mito” ou um assunto “sobrevalorizado”.

Em janeiro de 2015, Obama provocou o a ira de ambientalistas e angariou os aplausos da indústria petrolífera ao apresentar uma proposta que previa a abertura da costa sudeste dos EUA, banhada pelo Atlântico, à exploração petrolífera pela primeira vez na história do país. Essa proposta surgiu após governadores dos estados do sul (na sua maioria republianos), bem como legisladores e senadores dos estados de Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Georgia terem dado o seu apoio formal à exploração de petróleo e gás ao largo da costa atlântica, defendendo a medida como potencial criadora de novos postos de trabalho e fonte de lucro para os estados envolvidos.

Fontes familirizadas com a nova proposta, totalmente oposta à anterior, dizem que os planos para os próximos cinco anos passam por suspender totalmente a exploração de crude e gás tanto no Atlântico como no Ártico — um tema que Obama discutiu com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, há alguns dias, aquando da visita do chefe do governo vizinho a Washington, aponta o “The Guardian”. Em setembro passado, a Shell já tinha anunciado o abandono imediato dos planos de prospeção petrolífera no Alasca.

Em 2010, um derrame de petróleo de propoções míticas atingiu o Golfo do México após a plataforma de exploração Deepwater Horizon, da britânica BP, ter explodido em abril. Os impactos desse derrame, o maior da história dos EUA, continuam a ser sentidos até hoje e são um dos principais argumentos de ambientalistas e outros especialistas contra a perfuração no oceano Atlântico.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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