Onde está o dinheiro? (e outras perguntas para Salgado e Cia.)

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Ricardo Salgado abre, esta manhã, um capítulo novo na história da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES. Começa o desfile dos homens que estavam no olho do furacão quando o banco e o Grupo Espírito Santo se desmoronaram – e são muitas as perguntas que os partidos têm para lhes fazer. Sobretudo a Salgado.

No caso do antigo líder do universo Espírito Santo, diz Mariana Mortágua, a questão não é saber o que é que ele tem de explicar. “O que é que ele não tem de explicar?!”, enfatiza a deputada do Bloco de Esquerda. “Ele tem de explicar tudo”, responde. “Tudo” revela-se um encadeado de perguntas que Mortágua vai encavalitando umas nas outras… do “esquema para financiar o GES através do BES”, às offshores, à Akoya e o caso ‘Monte Branco’, a Álvaro Sobrinho e à “elite angolana financiada pelo BESA”, passando pela Escom e os submarinos…

“Onde é que está o dinheiro?” é a principal questão que Carlos Abreu Amorim, do PSD, espera ver respondida – tendo em conta que nas últimas semanas de administração de Salgado desapareceram 1500 milhões de euros. Outra parte de leão do buraco que fez desaparecer o BES veio da exposição à filial de Angola (BESA), para o que o deputado do PSD espera respostas: em causa estão mais de €5 mil milhões de crédito dado pelo BESA – a quem?, com que garantias?, quais as razões do incumprimento? Perguntas que os representantes de todos os partidos vão repetindo.

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Não haja dúvidas: Angola vai ser central no inquérito.”Para onde foi o dinheiro?” também é uma das perguntas centrais para Pedro Nuno Santos, do PS. Neste caso, refere-se sobretudo ao crédito concedido ao BESA, sem registos, e que acabaria por afundar o BES apesar da “garantia soberana” de Angola, que desapareceu no dia a seguir à resolução do banco – outro mistério que o PS quer esclarecer.

Cecília Meireles, do CDS, começa por uma pergunta genérica: “Porque é que o BES correu mal?” Uma pergunta com “três vetores principais”: 1) como foram ocultados os prejuízos, onde começaram e como passaram de uns sítios para outros até contaminar o BES?; 2) como era o esquema que permitiu descapitalizar o BES através da Eurofin?; 3) o que aconteceu no BESA e como foi possível uma exposição tão grande durante tanto tempo? “E, para cada vetor, perceber como foi a supervisão do BdP.

“A origem dos prejuízos, a contaminação do BES pelo GES, o buraco do BESA, a supervisão do Banco de Portugal (BdP) e a forma como o banco a tentou sempre iludir – estas são questões em que todos os partidos coincidem, embora uns puxem mais por um lado e outros por outro. O PCP, por exemplo, quer escavar o que se passou com a regulação, em particular o BdP. Se Passos diz que este é um caso de má gestão, Miguel Tiago contrapõe que “não pode haver este nível de má gestão num sistema regulado se a supervisão não falhar”. Daí a importância de saber “como correram as reuniões em que a questão da idoneidade foi abordada e o que levou o BdP a ceder”.

E que esperar de Ricciardi, Queiroz Pereira e Morais Pires? “Que expliquem as mesmas coisas, mas na sua versão”, diz Cecília Meireles.

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