A comissão da ONU para os Direitos da Criança teceu esta quinta-feira duras críticas ao Vaticano, que acusa de ter protegido padres pedófilos, ao ocultar milhares de crimes sexuais contra crianças e não colaborar com a Justiça. No encontro de Genebra a Santa Sé voltou a ser pressionada para revelar a real dimensão dos casos de abusos envolvendo representantes da Igreja.
Em sua defesa, o chefe da delegação Vaticano afirmou que a resposta da Santa Sé ao fenómeno dos abusos sexuais de menores “foi articulada a vários níveis”, precisando ter sido ratificada a Convenção dos Direitos da Criança em 1990 e os respetivos protocolos em 2000.
Silvano Tomasi considerou não existir desculpa possível para os casos de exploração e violência contra crianças, mas sublinhou que os agressores estão presentes “em todas as profissões, incluindo entre membros do clero e pessoal da Igreja”.
“Há responsáveis de abusos entre os membros das profissões mais respeitadas do mundo e, mais lamentavelmente, entre membros do clero e outros funcionários da Igreja”, disse.
Sem pormenorizar, Tomasi acrescentou que o Vaticano formulou “diretivas” na matéria para facilitar o trabalho das igrejas locais. Estas últimas desenvolveram também recomendações para evitar abusos, disse, citando a Carta para a Proteção das Crianças e Jovens, adotada pela Igreja católica norte-americana, em 2005.
Comissão pediu esclarecimentos
Depois da apresentação de Tomasi, vários peritos da comissão questionaram a delegação do Vaticano sobre a forma como foram adotados os mecanismos para investigar e sancionar eficazmente os culpados de abusos dentro da Igreja, e sobre os programas de segurança desenvolvidos e aplicados.
A comissão pediu esclarecimentos sobre a posição do Vaticano sobre como garantir “os interesses superiores da criança”, acima de quaisquer outras considerações, e sobre as medidas de “reparação física e psicológica” das vítimas.
A principal investigadora de direitos humanos da comissão, Sara Oviedo, foiparticularmente dura ao confrontar o Vaticano sobre a forma como frequentemente os padres abusadores foram transferidos, em vez de entregues à polícia.
Por sua vez, Monsenhor Charles Scicluna , ex- promotor de crimes sexuais do Vaticano, reconheceu que a Santa Sé havia foi lenta a enfrentar a crise , mas disse queagora estava empenhada em fazê-lo.
RE