Opinião de Carlos Figueira
A realização próxima, a meados de Outubro, do Encontro Internacional promovido pela Associação Internacional de Cidades e Entidades do Iluminismo (AICEI) da qual é Secretário Geral o Engº. Luís Gomes, Presidente da Câmara de VRSA, encontro desta vez a realizar na cidade sócia da Covilhã Presidida pelo representante máximo do município e conta com a presença do Ministro da Cultura, conduziu-me a uma longa viagem por Espanha com dois objectivos: afinar com apoio jurídico de uma jurista da autarquia da Granja de Santo Ildefonso, a proposta de Estatutos que estará presente para apreciação e votação na reunião de sócios que coincide com o já referido Encontro e, em economia de custos e tempo, realizar outros encontros para captar novos sócios.
Foi assim que saindo de VRSA num domingo, tendo como co-piloto a minha mulher, função que desempenhou com grande eficácia sobretudo quando o GPS não respondia e se tinha que tomar decisões sobre as vias a escolher, num percurso que teve tanto de interesse como garantia de cansaço ao longo de mais de 2.000 km percorridos em terras de Espanha.
Primeira etapa a cidade da Granja de Santo Ildefonso, a Norte de Madrid, lindíssima cidade marcada por vários palácios, jardins e fontes que nos aproximam de Versailles lugar onde a corte no século XVIII passava o verão. Para aqui chegar ultrapassamos, num percurso no qual, por vezes, Portugal ficava perto, montanhas e esplendorosos vales, territórios habitados de forma dispersa com telhados revestidos em alguns casos de telhas montadas ao contrário, eventualmente para facilitar o escoamento da neve. Casas predominantes construídas em granito e madeira, num cenário que tem tanto de rude como de força, terras de gado em pastoreio aberto de onde provem uma carne macia e gostosa. Em muitas locais o ar que se respira estava impregnado do odor a carne assada, lugares onde o carneiro e o porco são comidos pouco tempo depois de serem paridos.
De regresso ao Sul para uma reunião em La Carlota um dos três povos, conjuntamente com La Carolina e Luisiana, situados entre Córdova e Sevilha, mandados erguer a meados do século XVIII por Carlos III o Rei ilustrado a fim de impedir, num território deserto, os desmandos e assaltos em que aí se vivia. Para aí chegar atravessamos o longo território de Castilha La Mancha terra de Cervantes. Esplendorosos prados marcados a ouro, aqui e ali interrompidos com pequenas elevações onde em algumas ainda se encontram moinhos de vento que inspiraram a efabulação que dele fez a obra genial de Cervantes ” Don Quixote de La Mancha “.
O território é longo e a paisagem demora tempo a alterar-se. São muitos os quilómetros percorridos para que o ouro da planície comece a dar lugar a algum vinhedo em pleno tempo de vindimas a par de algum olival. Traço de toda a viagem foi constatar que o campo está activo, a produzir, não vislumbramos terras abandonadas ao seu destino.
De súbito somos surpreendidos com o aparecimentos dos primeiros povos brancos. Entravamos na Andaluzia. La Carlota é uma povoação interessante que tem a par de uma estrutura reticular grandes avenidas que a atravessam as quais os locais batizaram como bulevares. Reunião bem sucedida na previsão de podermos reforçar a Associação com a presença e contribuição de um novo sócio. Regressávamos finalmente a casa. A última paragem para almoçar foi em Carmona cidade medieval situada a poucos quilómetros de Sevilha erguida numa colina de onde se pode disfrutar a deslumbrante planície ondulada da Andaluzia, pintada em tons castanhos escuros e verde, porque nela se produz o pão e o azeite.
Longa e desgastante viagem que valeu a pena fazer em reforço e clareza do funcionamento da AICEI.
Carlos Figueira