OPINIÃO: Vai Andando Que Estou Chegando

Opinião de Carlos Figueira

A eleição de António Guterres para Secretário Geral da ONU é um acontecimento incontornável para aqui o relembrarmos nestes momentos tão apressados em que vivemos. É uma vitória com importante significado para Portugal já que atrai a atenção do Mundo para este pequeno país europeu, embora prenhe de história. É uma vitória do próprio pelo prestígio que granjeou como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, resultado que partilha com toda a diplomacia portuguesa que, de forma coesa e competente, em muito contribui para esta celebração de um resultado, à partida dado como extremamente difícil de obter, sobretudo e por créscimo face às manobras de última hora protagonizadas pela candidata búlgara vice-presidente da EU que se furtou ao debate prévio a que todos os outros candidatos se subteram.

AG enfrenta a partir do início do ano próximo o exercício num cargo que tem pela frente um mundo instável e mesmo imprevisível quanto ao desfecho de guerras tribais que tendem a eternizar-se em África, no Médio Oriente, só para citar os mais mediáticos, a instabilidade no seio da Europa em relação ao problema do acolhimento aos refugiados e finalmente no endurecimento das posições entre os EUA e a Rússia de Putin, o que para além da reforma do próprio funcionamento das Nações Unidas, exigirá do novo presidente, colocar no terreno toda a sua capacidade de diálogo, saber, para construir entendimentos entre partes tão diversas quanto distantes.

Por cá a ultima quinzena do mês ficará seguramente marcada pela apresentação e discussão da proposta de OE para 2017. A acreditar na antecipação de alguns dos números que vão sendo divulgados e que marcam o exercício do primeiro ano deste governo de maioria relativa, apoiado à esquerda em acordos obtidos com o PCP, Bloco e Verdes, podemos estar em presença dos raros orçamentos em que a divida publica se situa abaixo dos 3% o que só por si pode significar o desbloquear de financiamentos por parte da EU e assim abrir caminho para o indispensável impulso publico à actividade económica do País.

Se assim for creio que o diferendo que ainda pelos vistos existe em matéria de reforço de medidas sociais tendentes a moldar uma vida menos penosa a quem tem pouco significará, em puro processo especulativo da minha parte (coincidente aliás com a do Presidente da CIP em entrevista recente a um órgão de comunicação social) que este governo abrirá caminho para a estabilidade governativa, cumprindo a legislatura de quatro anos.

O que coloca em reais dificuldades política a gestão da direita quer através do anunciado e permanente clima de catástrofe que Paços Coelho não se cansou de permanentemente anunciar aos portugueses, quer por parte de Assunção Cristas líder do CDS que, embora em breves momentos se procurou distanciar de tal perspectiva num esforço de afirmação própria para o interior do seu partido, acabou por navegar, no fundamental, nesse mar que teve tanto de inóspito como de irreal, traduzindo-se em suma, num comportamento fatal típico dos partidos à esquerda e à direita, quando se afastam da realidade no exercício continuado do poder, ou quando perspectivam o seu posicionamento político num discurso e acção sempre pautado pela negativa.

Prolongando um pouco o final de Outubro para o início de Novembro teremos um acontecimento maior em torno do desfecho das eleições nos EUA. Conheço mal a realidade e não antecipo qualquer desfecho sendo, como é óbvio, que tal não significa que, nem de longe nem de perto, me considere apoiante do candidato apiado pelos republicanos, porque independentemente do que exprime no plano das ideias e dos princípios se situa na área tenebrosa em que se confunde a demagogia com o fundamentalismo. Mas os democratas necessitavam quiçá de um candidato menos confundido com o sistema, resta-nos a possibilidade de pala primeira vez neste País tão diverso como desigual poder eleger uma mulher para a presidência.

Carlos Luís Figueira

 

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