OPINIÃO: Vai Andando Que Estou Chegando

Opinião de Carlos Figueira

A propósito e a desproposito do Orçamento de Estado para 2017, está montado um ” espectáculo ” com coreografias para os mais diversos gostos.

Existe nesta proposta de OE, de acordo com o que vai sendo conhecido, a continuidade de uma estratégia assente num corte com as políticas de austeridade, repondo benefícios sociais e nesse caminho valorizando o Serviço Nacional de Saúde e a educação pública. Trata-se de um caminho duro perante as fragilidades da situação económica do País e as imposições em sentido contrário da UE, o que só por si marca uma importante viragem que começa a sentir-se na vida dos portugueses. É todo um caminho que se afasta das decisões que ao longo de quatro anos marcaram a governação do PSD/CDS.

Neste contexto, a direita e o centro direita, respondem com a mentira, em alguns dos casos mesmo com um descaramento algo desbragado, com a intriga, tendo como sinal a propagação do medo e da instabilidade. Só assim se pode perceber que todas as referências que são feitas à situação do País, presente ou futura, e às propostas contidas neste OE para o ano próximo, sejam acompanhadas de anúncios catastróficos sobre o dia seguinte, sem que em tais declarações possamos vislumbrar uma proposta sequer sobre a natureza e complexidade dos diversos constrangimentos que Portugal enfrenta.

A demagogia e a hipocrisia de mãos dadas. Congelaram pensões e salários, retiraram direitos, para agora, como se nada tivesse acontecido, tentarem “vender” preocupações sobre os pensionistas, exemplo de entre muitos outros, são as declarações da líder do CDS. É preciso ter lata!

No mesmo plano a situação da Caixa Geral de Depósitos tem servido nos últimos dias a Passos Coelho para ataques desbragados e pelos vistos caluniosos sobre o comportamento do actual director do banco, acrescido de demagogia a rodos quanto aos montantes salariais a pagar. Em primeiro lugar cumpre recordar que o governo do PSD/CDS tinham como estratégia não o reforço do Banco mas antes a preparação da sua venda a privados e nessa perspectiva quanto mais degradada fosse a situação mais vantajosa ficava para quem lhe deitasse a mão. Já quanto aos salários a pagar e a todo o enredo em torno desta matéria, tenho como opinião que se deve pagar de acordo com a qualidade de cada um para o desempenho das funções que lhe atribuíram, mas sobretudo, o meu interesse maior é manter esta instituição bancária nas mãos do estado, recapitalizá-la para que se torne um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento económico do País.

Quanto ao comportamento da esquerda no actual contexto já se percebeu que as negociações em curso abrirão caminho à aprovação do documento, independente da vida comicieira do Bloco e do PCP o que também se entende, porque perceberam e bem que existem correlação de forças, internas e externas, que não são favoráveis a um OE de outra dimensão com outra perspectiva e que o caminho dos acordos se revelou crucial para o afastamento da direita do poder ao participar em soluções que mesmo minguadas representam um importante contributo para que esta viragem se processe.

Nesta perspectiva de comportamentos políticos quero sublinhar a importante entrevista dada por Jerónimo de Sousa à última edição do Expresso na qual, de forma serena, mesmo perante perguntas feitas em tom sempre inamistoso e em alguns casos até rondando a provocação, tornou clara a posição do PCP no actual momento político que o País atravessa, sem deixar de perspectivar progressos, ganhos de influência, que o futuro pode proporcionar, deixando para trás posições que conduziram ao isolamento e perda de influência na sociedade.

Carlos Figueira

 

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