“Os cristãos vão tentar tomar a cidade. Valha-nos Alá!”

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A Feira Medieval de Silves está de regresso de 10 a 19 de agosto. Serão 10 dias de recriação histórica da antiga capital do Reino do Algarve

A próxima edição da Feira Medieval de Silves vai ter como tema a primeira conquista da cidade, em 1189. Foi uma batalha violenta, que se prolongou por mais de um mês, e que culminou num banho de sangue. A feira vai decorrer, entre 10 e 19 de agosto, no mesmo local onde os mouros capitularam

 

A décima quinta edição da Feira Medieval de Silves realiza-se, entre os próximos dias 10 e 19 de agosto, no centro histórico da cidade. Serão 10 dias de recriação histórica do período medieval da antiga capital do Reino do Algarve.

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O tema principal deste ano é “Silves 1189: a Conquista”. Ou seja, os visitantes vão recuar até ao tempo em que Silves era uma importante cidade muçulmana, tendo sido depois tomada e perdida várias vezes pelos cristãos, antes de ser conquistada definitivamente. Essa última conquista da cidade pelos cristãos só aconteceu em 1249, depois de muitos cercos, batalhas, saques, derrotas e glórias.

Já a primeira conquista da cidade pelos cristãos concretizou-se em 2 de setembro de 1189, contando o exército do rei de Portugal, D. Sancho I, com a colaboração de cruzados ingleses e alemães que estavam a caminho da “Terra Santa”, em Jerusalém. Estes cruzados estrangeiros deixaram um rastro de morte em Silves, depois de, já no início desse ano, terem passado à espada todos os habitantes do castelo de Alvor.

Um longo cerco que culminou num banho de sangue

Segundo reza a história, a primeira conquista da cidade Silves começou a 20 de julho de 1189, quando mais de 30 naus portuguesas e a frota de cruzados subiu o rio Arade até à praça de Silves. “Devem preparar-se para nos atacar. Os cristãos vão tentar tomar a cidade. Valha-nos Alá!”, terão pensado os mouros, segundo a contextualização histórica da XV Feira Medieval de Silves.

Logo de seguida, inicia-se o assalto às muralhas. Consta que o ataque foi tão forte que os mouros entraram em pânico, abandonaram as muralhas e refugiaram-se no seu último refúgio, a almedina. Mas mesmo assim não se deixaram vencer.

Foi então que começou um longo cerco, que se prolongou por mais de um mês. Por fim, a 2 de setembro, os mouros, exaustos e sem abastecimento de comida e água, capitularam. Antes, o rei de Portugal negociou a rendição das hostes muçulmanas e concordou com a sua saída da cidade. Para trás, teriam de deixar todas as riquezas, podendo apenas levar uma muda de roupa.

No entanto, os cruzados, a quem o rei concedera o direito a saquear a cidade vazia, concordaram inicialmente com esta proposta, mas atacaram e chacinaram os muçulmanos quando estes abandonavam a fortificação. O resultado foi um banho de sangue…!

Apesar deste episódio violento, e tal como refere a contextualização histórica da feira medieval, “o sol continuará a brilhar nesta terra, hoje e sempre, seja qual for a ideologia e a religião”.

“Uma visão do que a cidade terá sido outrora”

Segundo a organização da feira, a cargo do município de Silves, o objetivo é levar os visitantes numa verdadeira viagem no tempo, “onde será possível ter uma visão do que a cidade terá sido outrora e da sua importância incontornável na história da região”.

“A azáfama nas ruas do centro histórico será constante, respirando-se uma atmosfera com características particulares, num ambiente e cenário únicos, constituídos pelo traçado peculiar do tecido urbano e pela imponência dos seus monumentos”, destaca a organização, frisando que o evento vai contar com muita dança, música e poesia, para “mostrar a vitalidade e a diversidade das artes no quotidiano árabe medieval” e “dar a conhecer uma cidade vibrante no que à cultura e às artes”.

Entre as atrações mais fortes desta feira estão ainda a realização de dois torneios a cavalo por dia, a animação exclusiva no castelo de Silves e manjares medievais.

A organização tem também à disposição dos visitantes cerca de um milhar de trajes de homem, mulher e criança, que são uma das imagens de marca da Feira Medieval de Silves.
No que toca à gastronomia, são dadas a todos os participantes indicações muito claras, no sentido de que os alimentos confecionados não deverão conter ingredientes desconhecidos na Idade Média, como a batata, os pimentos, entre outros (sobretudo, devido ao facto de serem provenientes do continente americano).

Por outro lado, durante os dias em que decorre este evento, será utilizado o “xilb”, uma moeda válida apenas no espaço da feira e que contribui para a criação de um ambiente muito característico e único.

 

(NOTÍCIA PUBLICADA NA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE DE 12 DE JULHO)

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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