“Pai” da Quinta do Lago defende aposta na cultura, na saúde e no ordenamento

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O conhecido empresário do setor turístico algarvio, André Jordan, foi homenageado, no passado dia 1, pela Universidade do Algarve com o título de doutor Honoris Causa. Em entrevista ao Jornal do Algarve faz uma análise do turismo algarvio e desvenda algumas recordações do seu percurso profissional

Jornal do Algarve – Como reagiu quando soube que a Universidade do Algarve o queria homenagear atribuindo-lhe o doutoramento Honoris Causa?
André Jordan – Tenho dito por estes dias que amor com amor se paga! Tenho 40 anos de vida no Algarve e, enfim, tenho dado muito dinheiro. O pai do atual reitor da Universidade do Algarve, o professor Manuel Gomes Guerreiro foi o fundador da universidade e eu tive oportunidade de colaborar com ele naquela altura e fizemos algumas iniciativas de interesse para a comunidade. Sempre achei que a Universidade é muito importante para o Algarve e sou um grande admirador da Universidade. Sei que há alguns anos a Faculdade de Economia já tinha tido esta ideia e agora para minha grande surpresa concretizou-se com muita simpatia e seriedade. Convidaram o dr. Jorge Sampaio para ser meu padrinho e ele aceitou e também homenageiam Taleb Rifai da Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas. Enfim, tudo foi preparado com uma dignidade e solenidade que muito me agrada.
JA – Quando começou a trabalhar no Algarve este tipo de distinções não lhe passavam pela cabeça …
AJ – A vida é muito menos planeada do que se pensa. Acontecem sempre percalços, desvios e confusões. Eu comecei com a ideia de fazer uma coisa pequena… um campo de golfe com uns apartamentos. Um clube mas não com a dimensão que a Quinta do Lago depois atingiu.
O meu pai tinha muito boas relações com o Cupertino de Miranda, na altura governador de Vilamoura e do Banco Português do Atlântico. Eu fui falar com ele para lhe propor que ele me desse um pedaço de Vilamoura para eu fazer pequeno empreendimento para um grupo muito selecionado de pessoas. Ele mandou-me falar com as pessoas que dirigiam a Lusotur e essas pessoas mandaram-me passear e disseram que já tinham um campo de golfe e não precisam de outro e que não viam nenhum mérito na minha sugestão.
Apareceu depois a oportunidade de comprar a Quinta dos Descabeçados e ainda me deparei com os episódios da queda do Regime e o período pós 25 de abril de 1974 só depois é que tudo retomou o ritmo. É muito difícil prever o futuro, só depois de acontecer!
Recordo-me que quando construi o campo de golfe com 27 buracos falava-se por aí: “Há um brasileiro maluco que vai construir um campo com 27 buracos quando os campos de golfe estão todos vazios. Vai falir de certeza!”. Aliás, durante os primeiros anos a minha falência era sistematicamente anunciada.
JA – O que fez a diferença e fez com que essas pessoas falhassem as previsões de falência?
AJ – Consegui porque tinha a fórmula certa e fui muito bem apoiado pelos bancos e fomos principalmente bem apoiados pelos consumidores. Nós aparecemos com um produto que era o que o mercado mais afluente europeu queria, sem irmos atrás dos bilionários. Eu sempre dizia que era um projeto social para os ricos! Tanto assim era que os lotes tinham todos o mesmo tamanho, ninguém podia fazer palácios e as pessoas também se sentiram mais confortáveis assim. Fizemos questão que não houvesse competição social na Quinta do Lago e continua assim ainda hoje. E é por isto que digo que a Quinta do Lago tem 40 anos de juventude porque continua a ser um lugar de preferência e com vitalidade.
JA – Na sua perspetiva quais foram os principais passos positivos que o Algarve deu em termos de turismo?
AJ – É um tema muito vasto, mas penso que houve um primeiro momento a seguir à Revolução em que houve a devolução do processo do planeamento e de construção às câmaras municipais e elas não estavam preparadas para esse trabalho, pelo que algumas zonas do Algarve ficaram um pouco urbanisticamente prejudicadas. Apesar de eu sempre frisar que não há zonas degradadas no Algarve como há em zonas como (…)

[Entrevista publicada na íntegra na edição papel de 2 de junho de 2011 do Jornal do Algarve]
SCS/JA
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