Paz, História, Jornalismo e Fernando Reis

Luísa Travassos
Luísa Travassos
Diretora do Jornal do Algarve Carteira Profissional - 588 A

Dou início a este “em meu nome” no dia 9 de maio, data da comemoração do Dia da Europa, festejando a paz e a unidade do continente europeu. Segundo Schuman, o velho continente deveria cooperar politicamente de forma a tornar impensável uma guerra entre os países que o compõem.
Uma nobre visão que estaria na base da construção da UE, mas que viria a revelar-se utópica, na medida em que os interesses económicos e geotestratégicos estão, e estarão, sempre, acima dos valores da paz! Aconteceu e volta a acontecer na Europa, tal como continua a acontecer noutras zonas do globo apesar da sua (agora) falta de visibilidade.
A Europa de hoje, em vez de tudo fazer para a manutenção da paz, gastar todas as cartas para que isso aconteça, não medeia, não exerce influência e segue o pior caminho! O caminho do fornecimento de armas, o caminho da guerra (não há negócio de armas sem guerras)!
Portugal não foge à regra… não tem médicos, enfermeiros e hospitais para tratar dignamente os portugueses que morrem à espera duma cirurgia. Mantém uma população a viver no limiar da pobreza, mas pode contribuir com armas, juntamente com a Europa, alimentando a mortandade de inocentes.
Depois de algumas décadas de conquistas para os mais desfavorecidos; depois de conquistas tardias da liberdade e da igualdade que, afinal, tiveram a sua génese nos ideais da revolução francesa, eis que vemos a democracia (velhinha da antiga Grécia) e a paz em perigo e, mais grave ainda, o branqueamento do nazismo e da xenofobia! Tempos perigosos os que vivemos…
É preocupante o caminho que segue certa comunicação social que mais parece a informação do partido único, uma informação que apresenta um só lado das questões, aquele que lhe é permitido mostrar, sem se preocupar em investigar, de forma independente o que lhe é vedado, como se isso, só por si, não fosse suficiente para aguçar a sua curiosidade. Outra coisa de certo modo indigno é o facto de aparecerem, nos grandes ecrãs, comentadores que opinam sobre uma realidade desconhecida sem sequer saberem, minimamente, a história dos países envolvidos em conflitos, nem a História em geral. História e Jornalismo são indissociáveis! Sem esse conhecimento é muito difícil compreender a atualidade, embora nada justifique uma guerra, seja ela onde for e, infelizmente, muitos são os países que se veem envolvidos nessa triste realidade. Só estão um pouco mais longe de nós!
Quis José Barão que o JA tivesse a sua sede em VRSA. Quis o Marquês de Pombal que a cidade fosse inaugurada no dia do seu aniversário, 13 de maio. Passaram-se 246 anos e quis o atual presidente da Câmara, Álvaro Araújo, que neste dia, duma forma simbólica, o diretor do JORNAL do ALGARVE fosse homenageado passados 161 dias da sua morte, pelos serviços prestados à cultura, juntamente com Alfredo Graça, ex-presidente da autarquia, e Jorge Dourado, médico.
Sem desprimor para os outros homenageados, realço o papel desempenhado por Fernando Reis, não só na sua cidade natal, como professor e presidente da ADIPACNA (Associação para a Defesa do Património), mas em toda a região, pela forma como se entregou ao seu desenvolvimento, muitas vezes à custa de represálias que, em muito, afetaram o semanário de maior expansão do Algarve mas que, ao mesmo tempo, o tornaram mais forte e mais independente. É este o respeito que o JORNAL do ALGARVE e o seu diretor in memorian Fernando Reis merecem, não só de Vila Real de Santo António, mas de toda a região. A mais importante homenagem e a que ele mais apreciaria é a criação de condições e a contribuição para que a comunicação social séria possa continuar a sua missão de informar e lutar pelos valores da liberdade, da igualdade e da democracia!
Continua a faltar a grande homenagem, do Algarve, a José Barão!

Luísa Travassos

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