Em nome da “modernização”, o emblema histórico dos comunistas desaparece dos cartões de militante no congresso do PCF, que decorre este fim de semana na região parisiense.
“Todo o partido está chocado!”, exclamou esta manhã, numa rádio, Emmanuel Dang, secretário de uma importante célula de Paris do Partido Comunista francês. Tal como o militante parisiense, muitos dos congressistas foram surpreendidos com a decisão da direção de suprimir a foice e o martelo dos cartões, que a assumiu apelando à calma. “É a modernização”, explicou o líder, Pierre Laurent.
Mas Laurent enfrenta problemas com as críticas porque muitos dos militantes mais antigos do PC francês suspeitam que esta resolução se deve, no fundo, a uma cedência aos seus aliados eleitorais da “Frente de Esquerda”, do dissidente socialista e ex-candidato às presidenciais francesas, Jean-Luc Mélenchon.
“O partido arrisca perder a identidade porque pisca o olho aos trotskistas, aos socialistas, aos ecologistas e aos sociais-democratas, mas nós queremos continuar a ser comunistas!”, acrescentou Emmanuel Dang.
Comunismo de “nova geração”
Pierre Laurent, antigo diretor do jornal diário partidário “L’Humanité”, tem sido um chefe discreto do PCF desde que assumiu a liderança, em junho de 2010. Mas, devido em grande parte à sua estratégia moderada e à aliança com Mélenchon, conseguiu recuperar a imagem do partido que, há dois anos, representava muito pouco, em termos eleitorais.
Quando Pierre Laurent chegou à liderança, 58% dos franceses pensavam que o PCF estava condenado a desaparecer. De acordo com uma sondagem publicada hoje no “L’Humanité” ganhou onze pontos em menos de dois anos – atualmente, apenas 47% dos eleitores apontam nesse sentido. O jornal adianta que o partido ganhou sete mil novos militantes em 2012.
No 36.° Congresso, Pierre Laurent vai defender “um comunismo de nova geração” e garantir que “a identidade comunista” será visível na coligação “Frente de Esquerda” e nas lutas sindicais.
Daniel Ribeiro (Rede Expresso)