Perguntas e Respostas sobre a Varíola dos Macacos

Saiba que doença é esta, como se transmite e quais os sintomas a que deve estar atento

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Em Portugal, foram já identificados 23 casos de varíola dos macacos. É a primeira vez que esta doença chega ao país e, por isso, muitas dúvidas podem surgir. Juntámos algumas questões para possa compreender melhor que doença é esta, como se transmite e quais os sintomas a que deve estar atento.

1. Qual a origem deste vírus?

O vírus que provoca a varíola dos macacos – monkeypox, em inglês – é da família da varíola, uma doença que foi erradicada a nível mundial há mais de 40 anos. Como o nome indica, provém dos primatas não humanos, podendo também ser identificada em várias espécies de roedores.

continente africano é o principal ponto de origem deste vírus e existem duas variantes, uma característica da zona ocidental de África e outra – mais grave – da região central.

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“Por regra, a transmissão [da varíola dos macacos] ocorre primariamente dos reservatórios animais para o humano”, explica ao Viral Paulo Paixão, ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, professor e investigador na Nova Medical School, “mas depois pode ser passado entre humanos”.

No Reino Unido, um dos doentes diagnosticados tinha estado em África recentemente. Nos casos identificados em Portugal, ainda não é conhecida a origem deste surto.

2. Como se transmite entre humanos?

A transmissão da varíola dos macacos pode ocorrer por várias vias. A principal forma de contágio é pelo contacto com as lesões cutâneas, que caracterizam a doença. Os médicos aconselham a que estas manifestações cutâneas estejam protegidas, de forma a evitar a propagação da doença.

Além disso, a doença pode ainda ser transmitida através de gotículas libertadas pela respiração, do contacto muito próximo e prolongado com pessoas infetadas ou com materiais contaminados com o vírus.

Margarida Tavares, infecciologista e porta-voz da comissão criada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para acompanhar os casos de varíola dos macacos, explicou, numa conferência de imprensa, que a transmissão sexual “não está descrita classicamente”. No entanto, como a doença se “transmite por contacto próximo, íntimo e prolongado”, os especialistas consideram “plausível” que possa haver transmissão sexual.

3. Quais os principais sintomas?

As lesões cutâneas são a principal característica associada à varíola dos macacos. Estas podem variar desde “pequenas manchas” até “lesões com conteúdo líquido”, explica a infecciologista.

No entanto, há uma fase inicial da doença que pode ser “um bocado inespecífica”, acrescenta Paulo Paixão: qualquer indivíduo que tenha febre, gânglios aumentados – debaixo dos braços, nas virilhas, no pescoço – ou mal-estar [dores de cabeça, dores musculares ou cansaço], deve ser visto com todo o cuidado e deve ser considerada a hipótese [de ter a doença].”

Em caso de suspeita, o indivíduo deve dirigir-se aos serviços de saúde para que possa ser diagnosticado e, caso se confirme a doença, iniciar o isolamento.

4. Quanto tempo devem os doentes ficar em isolamento?

Uma vez que se trata de uma doença transmissível, os doentes diagnosticados como varíola dos macacos devem ser colocados em isolamento, de forma a evitar a propagação do vírus. O período de isolamento não está definido, mas a recuperação pode variar entre duas e quatro semanas.

“Sabemos que a transmissão ocorre, pelo menos, até as lesões [cutâneas] se curarem todas, até estarem em crosta”, explica o virologista, comparando esta doença com a varicela.

5. Podemos estar perante um novo vírus pandémico?

Depois da pandemia de SARS-CoV-2, o aparecimento de um novo vírus em Portugal pode levantar questões. Margarida Tavares afirma que esta doença “não tem nada a ver” com a Covid-19, que os vírus são de famílias distintas e que o contágio é também diferente.

Paulo Paixão destaca que o vírus da varíola dos macacos “não tem tanta facilidade de transmissão como o SARS-CoV-2”. No entanto, afirma que é necessário “ter cuidado” com esta doença, uma vez que a “mortalidade clássica para este vírus é cerca de 10%”.

“O fundamental agora é identificarmos rapidamente os casos para que possam ser isolados. Não vamos fazer rastreios generalizados à população, porque também não é de esperar que isto vá atingir grandes faixas da população”, afirma o virologista, sublinhando que este poderá ser um surto circunscrito.

E deixa ainda uma mensagem: “quaisquer lesões cutâneas não identificadas, deve dirigir-se imediatamente ao médico. Se tiver febre e note que os gânglios estão aumentados, deve dirigir-se aos serviços de saúde para tentar ver se poderá ou não ser um caso de varíola dos macacos.”

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