Polícia das Filipinas gaba-se de matança patrocinada pelo novo Presidente “justiceiro”

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Pelo menos 30 pessoas, alegadamente traficantes de droga, foram mortas pelas autoridades das Filipinas desde a passada quinta-feira, dia em que Rodrigo Duterte tomou posse como Presidente depois de ter vencido as eleições presidenciais de maio com maioria absoluta.

O anúncio foi feito pela própria polícia, que se gabou de ter matado a tiro 30 pessoas nos últimos cinco dias e de, nessas operações anti-droga, ter apreendido narcóticos no valor de quase 20 milhões de dólares (18 milhões de euros). Só no domingo, avançou o chefe da polícia da região de Manila, Oscar Albayalde, cinco “traficantes de droga” foram mortos numa batalha campal numa favela próxima de uma mesquita na zona do palácio presidencial.

“Os meus homens estavam prestes a apresentar os mandados de prisão quando começou o tiroteio a partir de uma das casas da área”, disse Albayalde aos jornalistas, argumentando que a polícia se limitou a responder ao ataque e que acabou por abater cinco homens. Quatro armas de fogo e 200 gramas de metanfetaminas foram recuperadas no local. Três outras pessoas foram mortas pelas autoridades noutras áreas da capital nesse dia e 22 em quatro zonas diferentes fora da região de Manila.

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Desde que Duterte “O Justiceiro” venceu as eleições a 9 de maio, sustentado por uma campanha de “mão dura” contra o tráfico de droga e a criminalidade e pela defesa de execuções extrajudiciais e a reintrodução da pena de morte, a polícia filipina já matou mais de 100 pessoas em operações de combate ao crime.

No dia em que tomou posse, na passada quinta-feira, Duterte discursou a um grupo de apoiantes num bairro pobre de Manila, pedindo-lhes que sejam eles a matar toxicodependentes. “Esses filhos da puta estão a destruir as nossas crianças. Aviso-vos, não se metam nisso [na droga], mesmo que sejam da polícia, porque eu vou matar-vos”, declarou o chefe de Estado. “Se conhecerem toxicodependentes, matem-nos vocês mesmos, porque é demasiado doloroso para os pais deles fazerem-no.”

Reagindo à conferência de imprensa do chefe da polícia de Manila e de outros responsáveis da polícia filipina, o secretário-geral da União Nacional de Advogados do Povo disse-se chocado com a onda de execuções sumárias de suspeitos criminosos e exigiu que a matança seja suspensa de imediato.

“A ameaça da droga tem de ser travada, mas as aparentes execuções sumárias em série de alegados traficantes de droga de rua e outros pequenos traficantes que começaram subitamente, de uma forma muito artificial e previsível, também têm de ser travadas”, disse Edre Olalia em comunicado. “As duas coisas não são incompatíveis.”

Desde que o incendiário político anunciou a sua candidatura às presidenciais, várias organizações de direitos humanos têm chamado a atenção para o facto de o político ter liderado uma campanha de execuções extrajudiciais enquanto autarca de Davao, um cargo que ocupou durante 20 anos. Enquanto presidente de Câmara e também como procurador daquela cidade, Duterte terá sido responsável por mais de duas mil execuções.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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