População de cavalos marinhos diminui drasticamente

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Uma equipa de investigadores está a tentar descobrir as causas do declínio na ordem dos 85 por cento da população de cavalos-marinhos na Ria Formosa, local conhecido por já ter albergado uma das mais densas comunidades do mundo.

Se há cerca de uma década uma bióloga canadiana conseguiu identificar na Ria Formosa uma densidade invulgarmente elevada de cavalos-marinhos, atualmente estes podem não chegar a uma centena.

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“A diminuição pode fazer parte de um ciclo natural, com picos de alta e baixa densidade”, explicou Iain Caldwell, da universidade de British Columbia, Canadá, que tem vindo fazer pesquisa ao Algarve nos últimos anos ao abrigo do projeto “Seahorse”.

De acordo com o biólogo, a quantidade de cavalos-marinhos sofreu desde então uma diminuição na ordem dos 85 por cento, o que, diz, pode não ter a ver diretamente com a destruição do seu habitat, embora esse também seja um fator a ter em conta.

Iain Caldwell recusa afirmar que a eventual destruição do seu habitat tenha a ver com a extração de areias ou a circulação descontrolada de barcos, mas garante que estão a ser estudadas medidas para minimizar o impacte das actividades humanas na ria.

Para seguir de perto o movimento destes animais, Iain marcou 11 cavalos-marinhos adultos com um pequeno transmissor acústico do tamanho de um feijão e com meio grama de peso, colocado como se fosse um colar.

Depois de colocar o equipamento, a equipa conduziu os animais para outra zona, localizando-os depois através de sinais acústicos para perceber se tinham ou não feito movimentações e que habitat preferiam.

A equipa de investigadores – da qual faz também parte o biólogo Miguel Correia, que integra o projeto “Seahorse” e que está a preparar uma tese de doutoramento sobre o tema – fez mergulhos em 32 locais de amostragem, entre Olhão e a ponte do Ancão, junto à Praia de Faro.

Desses 32 locais – que já haviam sido estudados há dez anos – apenas encontraram cavalos-marinhos em nove, contudo, apesar do decréscimo da população, a equipa registou uma maior densidade de juvenis, o que pode significar que a comunidade cresça nos próximos anos.

A maior parte dos cavalos-marinhos foram encontrados agarrados a conchas ou ouriços-do-mar já que, sendo muito sedentários, estes animais costumam agarrar-se a algo para não serem arrastados pela corrente.

Os cavalos-marinhos são peixes que têm um tempo médio de vida de três a cinco anos e a capacidade de se camuflarem para enganar os predadores, podendo atingir os 16 centímetros de altura na idade adulta.

O maior mistério do ciclo de vida destes animais é, de acordo com os investigadores, o período compreendido entre a sua libertação da bolsa do macho – a fêmea deposita os ovos, mas o macho é que gera os bebés -, e quando já são juvenis mais avançados.

A educação ambiental junto de escolas e pescadores e um ordenamento mais controlado da Ria Formosa são fatores considerados fundamentais pelos investigadores para contribuir para uma maior conservação do habitat dos cavalos-marinhos.

Este trabalho de investigação é apoiado pelo Centro de Mergulho Hidroespaço e pelo Oceanário de Lisboa.

MAD.

Ao abrigo do Acordo Ortográfico

JA/Lusa

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