Portimão: Dez suspeitos de tráfico admitem ter descarregado droga

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Dez dos 26 arguidos acusados de traficarem droga de Marrocos para Portugal, admitiram na segunda-feira em tribunal terem participado numa operação de descarga de haxixe em 2020, na Praia do Alemão, em Portimão, mas negaram pertencer a uma rede criminosa.

Na sessão da tarde de segunda-feira do julgamento, no auditório municipal de Lagoa, no Algarve, local escolhido devido ao elevado número de arguidos, advogados e testemunhas, foram ouvidos os dez acusados que quiseram prestar declarações na audiência, tendo os restantes decidido manter-se em silêncio.

Dois dos arguidos que durante a manhã manifestaram a intenção de falar em tribunal, reverteram depois a sua posição e escusaram-se a falar na audiência de julgamento.

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Os 26 homens de nacionalidades portuguesa, romena, ucraniana e espanhola estão acusados pelo tráfico de estupefacientes agravado e tráfico de estupefacientes e de integrarem um grupo organizado de tráfico de droga que operava entre Marrocos e o sul de Portugal desde 2018.

Nas declarações ao coletivo, presidido pela juíza Maria Stella Chan, os arguidos admitiram terem participado na operação de descarga da droga na praia em Portimão, mas alegaram não fazerem parte de “uma rede organizada”, tendo a sua participação sido pontual e aliciada por quantias entre os mil e os três mil euros.

Três dos homens disseram ao tribunal terem sido contactados por Catalin Hopu, em cidadão romeno, “proprietário de uma discoteca em Almancil e promotor de corridas de carros junto ao Estádio do Algarve”, em Faro, que lhes pediu para “arranjar mais pessoas para descarregar a droga em Portimão, a troco de dinheiro”.

Os três homens disseram que contactaram depois com outros “amigos e conhecidos e foram-se convidando uns aos outros”.

Os 10 homens admitiram ao tribunal todos os factos de que estão acusados e que sabiam que “se tratava de droga”, mas alguns deles alegaram desconhecer a substância que iriam descarregar.

Segundo estes, só aceitaram “o trabalho [descarregamento da droga] por estarem a atravessar uma situação económica difícil”, acrescentando que se “sentiam arrependidos e envergonhados por terem participado na descarga do produto estupefaciente.

O coletivo do tribunal de Portimão decidiu separar o processo e julgar Catalin Hopu num processo autónomo.

Os factos remontam a fevereiro de 2020, quando a Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional República (GNR), Polícia Marítima e Polícia Judiciária (PJ) detiveram dez homens e apreenderam aproximadamente três toneladas de haxixe que estava a ser descarregado na Praia do Alemão, em Portimão.

A investigação conduzida pela PJ, resultou nos meses seguintes na detenção dos outros 16 arguidos residentes em Portimão, Almancil e Faro.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o grupo atuava de forma organizada desde 2018, indo alegadamente buscar a droga a Marrocos em lanchas rápidas, trazendo-a depois para a costa sul do país, onde era descarregada.

Posteriormente, o produto estupefaciente era armazenado em armazéns no Parchal e em Estombar, no concelho de Lagoa, distrito de Faro, sendo depois vendido, segundo o MP, a “um preço superior ao da sua aquisição”.

Dos 26 arguidos, nove encontram-se em prisão preventiva em vários estabelecimentos prisionais do país e 11 com obrigação de permanência na habitação, com vigilância eletrónica.

O julgamento prossegue no dia 15 de junho, pelas 09:30, com o início da audição das testemunhas arroladas no processo.

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