A Câmara de Portimão aprovou ontem um voto de pesar pelo falecimento de Maria Barroso, tendo sido igualmente deliberado a atribuição, a título póstumo, da “Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro” da cidade de Portimão. Além disso, o executivo liderado pela socialista Isilda Gomes recomenda à Comissão Municipal de Toponímia que pondere atribuição do nome da ex-primeira dama, que nasceu na Fuseta, em 1925, a uma rua de Portimão.
Na proposta apresentada, a autarquia portimonense frisa que “a população de Portimão guarda respeitosamente a memória de Mária Barroso, que durante as suas estadias em Portimão frequentemente conversava com o cidadão comum, quer nas suas idas à missa de domingo da igreja matriz, como também nos seus passeios pela cidade e pelas nossas praias, evidenciando sempre fácil trato e natural simpatia”.
Maria de Jesus Simões Barroso Soares faleceu na madrugada de terça-feira, em Lisboa, aos 90 anos de idade.
“Maria Barroso foi uma cidadã exemplar, que pugnou ao longo da sua vida pela elevação do papel da mulher portuguesa nos campos da cultura, da educação, da intervenção social e da política, às quais consagrou a sua vida”, realça a Câmara de Portimão.
Filha de Alvor
Filha de Alfredo José Barroso, natural de Alvor, concelho de Portimão, oficial do Exército, e de sua mulher Maria da Encarnação Simões, professora primária, Maria Barroso sempre fez questão de manter esta ligação à terra dos seus pais, tendo escolhido Portimão para residir nos seus momentos de lazer e no período de férias.
Foi aluna dos liceus D. Filipa de Lencastre e Pedro Nunes, em Lisboa, diplomou-se em Arte Dramática, na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, (1943) e licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1951). Na faculdade conheceu Mário Soares, com o qual se casou quando ele se encontrava preso por motivos políticos a 22 de fevereiro de 1949. Com Mário Soares teve dois filhos, João Soares e Isabel Soares.
Foi atriz na companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, sediada no Teatro Nacional D. Maria II, onde se estreou em 1944, na peça de Jacinto Benavente, Aparências, sob a direção de Palmira Bastos. No cinema, teve participações em filmes de Paulo Rocha (1966 – Mudar de Vida) e Manoel de Oliveira (1985 – Le Soulier de Satin, 1979 – Amor de Perdição, 1975 – Benilde ou a Virgem Mãe).
Em 1969 foi candidata a deputada pela Oposição Democrática e participou no III Congresso daquela organização em 1973, em Aveiro, sendo a única mulher a intervir na sessão de abertura. No mesmo ano esteve em Bad Münstereifel aquando da fundação do Partido Socialista. Foi eleita deputada à Assembleia da República, pelos círculos de Santarém, Porto e Faro, nas legislaturas iniciadas em 1976, 1979, 1980 e 1983.
Enquanto primeira-dama de Portugal (1986–1996) empenhou-se em actividades de apoio às áreas da cultura, educação e família, infância, solidariedade social, dimensão feminina, saúde, integração de deficientes e prevenção da violência. Em 1990 criou o movimento Emergência Moçambique, outorgando, no ano seguinte, a escritura da Associação para o Estudo e Prevenção da Violência. Em 1995 presidiu à abertura do ciclo de realizações do Ano Internacional de Luta contra o racismo, a xenofobia, o antissemitismo e a exclusão social.
Depois de deixar o Palácio de Belém, em 1997, foi presidir à Cruz Vermelha Portuguesa, cargo que exerceu até 2003. Foi ainda sócia-fundadora e presidente do Conselho de Administração da ONGD – Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento, desde 1994, e da Fundação Aristides de Sousa Mendes.
Foi distinguida com o título de Doutora Honoris Causa pelo Lesley University (23 de maio de 1994), pela Universidade de Aveiro (16 de dezembro de 1996) e pela Universidade de Lisboa (3 de novembro de 1999). Foi Professora Honorária da Sociedade de Estudos Internacionais de Madrid. Recebeu também a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a 7 de Março de 1997.
NC/JA
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Concordo. Contudo, também proponho que além de ser atribuída uma rua da cidade Portimão com o nome de Maria de Jesus Barroso, deverá também ser atribuído na Aldeia dos Montes de Alvor, de onde é originária a família do seu pai e onde já existem algumas ruas com o nome dos seus familiares, entre o seu pai Capitão Alfredo José Barroso e o seu irmão Virgilio Barroso