Portugal desce para 4º lugar no “clube” da bancarrota

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Depois de um dia de grande volatilidade, o risco de default para a dívida portuguesa desceu de 54% na 6ª feira para 52% no fecho de hoje. Também os juros da dívida continuaram a descer significativamente. Operação de “intervenção” do Banco Central Europeu obtém resultados no mercado secundário

Foi um dia de grande volatilidade para o nível de risco de default de Portugal. Abriu em queda, fazendo descer Portugal do 2º para o 3º lugar no “clube” dos 10 com maior probabilidade de incumprimento da dívida nos próximos cinco anos. Depois, pela hora de almoço, voltou a subir para o 2º lugar, até que, à tarde, caiu definitivamente, acabando por descer para o 4º lugar, sendo ultrapassado pela Venezuela e o Paquistão.

Na 6ª feira, o risco de default tinha fechado em 54,17% e hoje, depois de vários sobe-e-desce, fechou em 52,21%.

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É uma descida muito significativa desde 20 de julho – antes da cimeira extraordinária de Bruxelas. O risco caiu de 61,12%, naquele dia, para os 52,21% atuais. Cerca de 9 pontos percentuais.

No entanto, a maior descida foi protagonizada pela Irlanda, que reduziu o seu risco em mais de 12,5 pontos percentuais naquele período, tendo descido para a 5ª posição no referido “clube”.

Também, a Espanha e a Itália assistiram hoje a reduções significativas do seu risco, com o nosso vizinho a descer de 29,83% na 6ª feira para 26,46% no fecho de hoje, e a “bota” a reduzir o risco de 28,53% para 25,92% no mesmo período. No entanto, apesar da redução, conservam o 8º e 9º lugar do referido “clube”.

Também a Grécia (que hoje viveu um crash bolsista na ordem dos 6%) viu o risco descer, ainda que continue a liderar o “clube”. Movimento de descida similar aconteceu com a Bélgica.

BCE força queda dos juros

Estas descidas são atribuídas à “intervenção” no mercado secundário do Banco Central Europeu adquirindo dívida dos países da zona euro em stresse. Um efeito que é mais visível nos níveis de juros (yields) dos títulos do Tesouro no mercado secundário.

As reduções mais brutais deram-se no caso das obrigações espanholas (OE) e dos títulos italianos (BTP), particularmente nas maturidades a 2, a 3 e a 5 anos, que caíram entre 17,5% (para o caso dos BTP a 5 anos) e 24,8% (para as OE a 2 anos). Um dos objetivos da intervenção do BCE, que era fazer baixar o juro dos títulos a 10 anos do nível de alarme dos 6%, foi conseguido nos dois casos.

Uma novidade é o facto dos juros dos BTP estarem acima dos relativos às OE. Por exemplo, no caso dos juros dos títulos a 10 anos, a Itália está a pagar 5,29% enquanto para Espanha o nível é de 5,16%. Uma inversão de posições a acompanhar.

As reduções foram, hoje, significativas, também para Portugal, com descidas entre 9,7% e 11%, nos casos dos juros para as obrigações do Tesouro (OT) com maturidades a 2, a 3 e a 5 anos.

A descida fica, ainda, mais visível se compararmos os juros para as OT no mercado secundário entre 20 de julho (antes da cimeira de Bruxelas) e hoje. Os juros para as OT a 2 anos desceram, naquele período, de 18,58% para 12,07%; os das OT a 3 anos de 19,08% para 12,96%; os das OT a 5 anos de 16,71% para 12,63%; e os das OT a 10 anos de 11,90% para 10,02%.

No entanto, no caso da Irlanda, a redução foi ainda maior para os títulos que são transacionados no mercado secundário. Os juros dos títulos a 2 anos desceram de 21,85% para 13,27% e os dos títulos a 10 anos de 13,06% para 9,56%. Nestes dois casos – que estão a ser transacionados -, os juros eram a 20 de julho mais altos do que os relativos às OT.

Ao contrário dos restantes países mencionados, estiveram em alta os juros dos títulos gregos a 2, a 3 e a 5 anos.

Itália sob “tutela” do BCE

Ainda que não tenha havido uma “intervenção” da troika – no quadro do que ocorreu para os três “periféricos” já com programas de resgate (Grécia, Irlanda e Portugal) -, o que está a acontecer com Itália perfigura uma clara colocação de Itália sob tutela, no caso pelo Banco Central Europeu.

Não se conhece o detalhe da carta enviada a Sílvio Berlusconi na 6ª feira passada por Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE, e Mario Draghi, substituto de Trichet em novembro. Nessa missiva, o BCE colocava as condições estritas em que se dispunha a intervir no mercado secundário da dívida para “salvar” a Itália de uma derrocada. Segundo o jornal Corriere della Sera dois pontos capitais eram exigidos com urgência: privatizações e código do trabalho.

No domingo, vencendo resistências de alemães e holandeses, o directório do BCE, em uma das famosas conferências telefonicas que ocorreram durante o fim de semana, decidiu colocar em marcha a intervenção massiva no mercado secundário a partir de 2ª feira.

JA/Rede Expresso
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