Portugal e Espanha querem estatuto de “vulnerável” para o lince antes de 2020

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Portugal e Espanha estimam que até 2020 possam elevar o lince-ibérico(Lynx pardinus), mamífero classificado como criticamente ameaçado de extinção, ao estatuto de “vulnerável” no Livro Vermelho da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Portugal está de mãos dadas com Espanha para que até ao ano de 2020 se consiga reclassificar o estatuto do felino mais ameaçado do planeta Terra, passando-o da classificação de “criticamente ameaçado de extinção” para o estatuto de “vulnerável” no Livro Vermelho, disse à agência Lusa Lurdes Carvalho, coordenadora do Plano de Ação para o lince-ibérico, à margem do I Seminário do Lince-Ibérico em Portugal, que decorre hoje e na sexta feira, em Faro.

O Livro Vermelho da União Internacional para a Conservação da Natureza é uma ferramenta essencial para a conservação das espécies da flora e da fauna selvagens e respetivos habitats que na secção de “ameaça de extinção” se divide em “extinto”, “extinto na natureza”, “criticamente em perigo de extinção” (atual estatuto do lince ibérico), “em perigo de extinção” e “vulnerável” (estatuto que o lince poderá ganhar em 2020).

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Considera-se com estatuto de “vulnerável” quando já existem exemplares em número suficiente para a população ser sustentável se deixassem de existir pressões humanas, como a caça, destruição de habitats e ou alimentares, explicou à Lusa o biólogo Élio Vicente.

Se o lince ibérico passar em 10 anos de estatuto “criticamente em perigo de extinção” para “vulnerável”, sobe dois níveis na tabela do Livro Vermelho, o que seria um grande feito da humanidade, acrescenta o biólogo.

Segundo Lurdes Carvalho, até 2020, Portugal, em cooperação com Espanha, os únicos países do mundo onde existem linces ibéricos, vai desenvolver procedimentos preparatórios para o “reforço da população de linces ibéricos” e para a “reintrodução em habitat natural”.

“Até 2020 vamos preparar os terrenos, falar com os seus proprietários e reconhecê-los como parceiros no processo de reintrodução do lince, vamos fazer melhorias no habitat natural e assegurar a disponibilidade de presas (coelhos) e de abrigos para os coelhos, a principal fonte de alimento do felino em vias de extinção”, explicou.

Em declarações à Lusa, Margarida Fernandes, que trabalha na conservação do lince no Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e que hoje participou no I Seminário do Lince Ibérico em Portugal, onde fez a apresentação da “Perspetiva histórica da conservação do lince-ibérico em Portugal”, afirmou que desde o censo de 2002 que “não há evidências de que existam linces ibéricos no país”.

Desde há um ano, todavia, existem em Portugal linces-ibéricos em cativeiro, com a criação do Centro de Reprodução do Lince Ibérico de Silves (Algarve), cujo objetivo é conservar a espécie ameaçada de extinção.

O primeiro animal a chegar ao centro, a 26 de outubro de 2009, foi a fêmea de cinco anos Azahar, nome árabe para flor de laranjeira, e a transferência de 16 animais a partir de Espanha ficou concluída a 01 de dezembro.

Em 1988 a população de linces ibéricos rondava os 1200 indivíduos, número que em 2005 caiu para os 200, tornando-o numa das espécies mais ameaçadas de extinção.

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