Ranking anual da transparência coloca Portugal à frente da Itália e da Grécia. Angola está no vermelho, com um baixo desempenho das instituições públicas, em contraste com a Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, tidos como os países “mais limpos”.
O Afeganistão, a Coreia do Norte e a Somália são os países mais corruptos, com abuso de poder e relações secretas. Portugal é o 33º menos corrupto, numa lista divulgada hoje e na qual figuram 176 nações.
O ranking anual da organização não governamental (ONG) Transparency International sobre a percepção da corrupção aponta o dedo à “falta de uma liderança responsável e de instituições públicas eficazes”.
Dois terços dos países classificados no índice de 2012 não foram além dos 50 pontos, numa escala de 0 (“perceção de ser altamente corrupto”) a 100 (“perceção de ser muito limpo”).
Angola está no vermelho, com apenas 22 pontos, ocupando o 157.º lugar dos mais baixos desempenhos ao nível da transparência governamental.
Portugal apresenta um score de 63 (33.º posto) – em ex-aequo com o Butão e o Porto Rico -, atrás da Espanha (30.º), Irlanda, (25.º) e França (22.º), mas com um índice de corrupção mais baixo do que a Itália (72.º) e a Grécia (94.º).
Melhores regras para o lobi e financiamento político
“Os governos precisam de integrar as suas ações de combate à corrupção em todos os processos públicos de tomada de decisão. As prioridades devem incluir melhores regras para o lobi e financiamento político, tornando mais transparentes os gastos e a contratação pública, assim como tornando os órgãos públicos mais responsáveis perante as pessoas”, afirma Huguette Labelle, presidente da Transparency International, num comunicado divulgado pela associação cívica portuguesa “Transparência e Integridade”.
“Depois de um ano de enfoque na corrupção, esperamos que os governos tomem uma posição mais dura”, defende Labelle.
Os países “mais limpos” são a Dinamarca, a Finlândia e a Nova Zelândia que ocupam a 1.ª posição da tabela, com 90 pontos. “Não é por acaso”, segundo a ONG internacional, já que “estas sociedades estão apoiadas por um nível de acesso a sistemas de informação e em regras claras que regem o comportamento dos agentes em cargos públicos”.
Papel da sociedade civil em Portugal
Paulo Morais, vice-presidente da “Transparência e Integridade”, a correspondente em Portugal da “Transparency International” considera que “os investidores e observadores estrangeiros que compõem o índice de perceção da corrupção continuam a não ver progressos visíveis em Portugal. A tendência de estagnação – e até de retrocesso – é a imagem de marca do nosso país no combate à corrupção e isso tem reflexos negativos na nossa capacidade de atrair investimento estrangeiro que nos ajude a sair da crise”.
Para o dirigente, “depois de uma década sem progressos, é altura de mudar as regras do jogo. Temos de garantir que os próximos dez anos serão anos de progresso no combate à corrupção. E cabe à sociedade civil fazer pressão sobre os nossos líderes nesse sentido”.