Portugal quer ligação a Espanha por teleférico

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Ligar o sul do país a Espanha, por cima do Guadiana, com um teleférico. A ideia parece ter cabos para andar e pode vir a contar com o apoio da União Europeia.

A ideia surgiu do lado português, mais concretamente da Câmara Municipal de Alcoutim. Francisco Amaral, médico e presidente da autarquia, há muito que reivindica uma ponte que ligue o seu concelho ao outro lado e já quase perdeu a esperança no projeto.

Mas agora, ainda que com fins meramente turísticos, surgiu uma ideia que poderá servir de vitamina para revitalizar o concelho mais desertificado de Portugal. “A ideia surgiu-nos em conversa e depois falámos com o alcaide de Sanlúcar, que é uma povoação pequena e ele aderiu. Depois, colocámos o assunto à discussão na Associação Transfronteiriça Alcoutim-Sanlucar e é daí que teremos de partir”, explica ao Expresso Francisco Amaral.

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O projeto, que rondará os dois milhões de euros, prevê ligar em 2014 Alcoutim, no nordeste algarvio, a Sanlúcar de Guadiana do outro lado do rio e poderá ser financiado até 80 por cento por fundos comunitários, ao abrigo de uma dotação para a cooperação transfronteiriça.

Os restantes 400 mil euros terão de ser repartidos por igual entre as autarquias de Alcoutim e de Sanlúcar (através da Diputación de Huelva).

Para já, a sonhar com a candidatura aos fundos, a autarquia portuguesa consultou uma empresa nacional, responsável pelo projeto do teleférico do Funchal, para poder orçar o investimento. Inicialmente, a ideia é que do lado português o embarque possa ser feito em pleno castelo de Alcoutim, mas o autarca antevê dificuldades por parte do IGESPAR, instituto que gere o património e por isso estão já em cima da mesa três localizações alternativas.

De um lado ao outro, a ligação de 200 metros é feita atualmente por um pequeno barco, caso contrário o trajeto envolve nada menos que 80 quilómetros de automóvel, descendo até Vila Real de Santo António, atravessando a Ponte Internacional do Guadiana e subindo até Sanlúcar de Guadiana.

Com o teleférico, a viagem poderá demorar cerca de 5 minutos para percorrer cerca de 400 metros, se contarmos com o espaço em terra até chegar aos terminais.

Investidores privados, procuram-se!

O autarca social-democrata, que no Algarve ficou famoso por dar consultas de graça aos idosos, contrariando indicações superiores e já muito depois de ter ganho a Câmara ao PS (Amaral está no terceiro mandato) acredita que o projeto poderá atrair mais turistas a um concelho votado ao abandono, a uma agricultura de subsistência e a alguns projetos turísticos perdidos no meio da desertificação.

“Tínhamos um projecto de 200 milhões de euros de uns investidores espanhóis, que até eram representados pelo professor Hernani Lopes, portanto era uma coisa séria, para fazer um golfe e um hotel. Pois a burocracia, o ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade) e as CCDR’s (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional) conseguiram fazer com que após vários anos à espera, se fossem embora para a Roménia!”, desespera.

Neste caso, do teleférico, Amaral espera que alguém acredite e ‘voe’ junto com os dois municípios, senão agora pelo menos a posteriori.

“Nós não temos vocação para a exploração de um projeto deste género, nem sequer temos uma empresa municipal à semelhança do que outros fizeram, por isso se houver privados interessados na exploração teremos todo o interesse em concessionar. Se alguém quiser embarcar nisto, ótimo!”, instiga o presidente de Câmara.

Por essa altura, meio caminho já estará andado, até porque a candidatura obriga à feitura de um estudo de viabilidade financeira para o projeto transfronteiriço em que Amaral aposta com todas as fichas.
Sem teleférico pode optar pelo slide Espanha-Portugal

“O futuro do Algarve passa pelo interior, isto foge à cultura típica do sol, das praias e das discotecas e aqui existe qualidade de vida”, promove. Assim o sentem muitos dos turistas e até reformados que optaram por Alcoutim para segunda habitação. E se o teleférico deixar de ser uma miragem, pode ser que o deserto atravessado pelo Guadiana se torne lentamente num pequeno oásis, do lado de cá e além-fronteira.

Para turistas radicais, e enquanto se espera pelo teleférico internacional do Guadiana – a obra poderá ter início ainda em 2013 – Amaral deixa uma sugestão real que ‘puxa’ pela adrenalina. “Existe um inglês que investiu agora 60 mil euros para passar um cabo de slide a partir de um monte do lado espanhol e nós cedemos-lhe um terreno para que as pessoas aterrem aqui, isso vai estar pronto muito em breve”, diz. Mas nesse caso não há bilhete de ida e volta, só serve para importar turistas a partir de Espanha. E se quiserem voltar, que vão de barco.

JA/RE
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