Portugal tem 13 mil doentes com Parkinson

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População portuguesa tem uma mutação genética que é uma das principais causas da doença de Parkinson

A doença de Parkinson é a segunda patologia degenerativa do sistema nervoso central mais comum no mundo e em Portugal atinge 13 mil pessoas, a maioria homens com mais de 65 anos.

O número, identificado pelo primeiro estudo epidemiológico para determinar a prevalência da doença entre a população portuguesa, está abaixo das estimativas iniciais. Os especialistas admitem que o resultado pode esconder outros problemas, como a falta de apoio aos cuidadores destes doentes.

Nas conclusões do documento – a apresentar no próximo sábado no Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento – , os autores justificam os “resultados obtidos abaixo das expectativas iniciais” com o “facto de o estudo apenas incluir uma abordagem domiciliária”. Ou seja, deixando de fora “a visita a lares e outras instituições residenciais ou hospitalares”, o que “pode ter sido um condicionante para a determinação desta estimativa”, admitem.

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Por outras palavras, o estudo terá “passado ao lado” de um número significativo de doentes que já não vivem com a família. “A confirmar-se, revela que os doentes portugueses estão a ser institucionalizados mais cedo do que se previa e ainda tendo algum grau de autonomia”, afirma Joaquim Ferreira, coordenador científico do estudo – promovido pela Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, com o apoio da Direção-Geral da Saúde.

Para o neurologista, a falta de apoios pode ser a explicação. “As famílias não têm o apoio mínimo para manter o doente mais tempo em casa e optam pela institucionalização, que só faz sentido quando no seio familiar não há condições ou o doente já não tem autonomia”, afirma o especialista.

Entre o que pode fazer falta aos cuidadores, Joaquim Ferreira destaca “a própria estrutura familiar, o apoio do Estado a nível social, de cuidados em casa ou até o conhecimento de esquemas de tratamento que permitem que o doente não perca toda a autonomia”.

O neurologista não tem dúvidas: “Há vários protagonistas que podiam fazer melhor”, evitando, por exemplo, a institucionalização precoce como o estudo parecer demonstrar.

Portugueses têm mutação genética

A avaliação permite ainda perceber que entre os portugueses há uma mutação genética que é a causa mais frequente de Parkinson, contudo sem efeito aparente com um maior número de doentes.

“A mutação no gene LRRK2-G2019S é a causa genética mais frequente de doença de Parkinson e Portugal é um dos países com maior prevalência da mutação”, lê-se no documento.

Joaquim Ferreira explica que a herança é um legado da longa presença dos árabes na Península Ibérica e que, segundo este estudo, não parece aumentar a prevalência. É, ainda assim, um dado muito relevante para o futuro.

“Poderemos saber quais são os filhos destes doentes que estão em risco de ter a doença nos 20 anos seguintes e incluí-los nas investigações de medicamentos, que deverão permitir atrasar o aparecimento da doença quando ela ainda não existe”, conclui.

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