Portugueses desenvolvem vacina contra a malária

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Cientistas do Instituto de Medicina Molecular vão desenvolver uma vacina contra a malária usando um parasita que infeta apenas roedores. O projeto é financiado pela Fundação Melinda & Bill Gates.
Uma equipa de cientistas do Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, vai desenvolver uma vacina contra a malária usando um parasita que infeta apenas roedores e não causa qualquer doença em seres humanos.
Este parasita pode ser modificado geneticamente de forma a ativar o sistema imunitário humano e a ensiná-lo a combater o parasita da malária que infeta seres humanos, quando o encontrar.
Atualmente, o projeto mais avançado de vacina, com ensaios em seres humanos, está a ser desenvolvido pela multinacional farmacêutica britânica Glaxo Smith Kline, mas só confere 30% a 40% de proteção.

Criar a primeira vacina eficaz a nível mundial
“É muito pouco, não é aceitável, o que torna necessário o desenvolvimento de vacinas mais eficazes contra a malária”, afirmou ao Expresso Miguel Prudêncio, investigador principal da Unidade de Malária do IMM.
O que é inovador no projeto em que Miguel Prudêncio está envolvido “é o recurso a uma estirpe do parasita da malária que não é capaz de induzir doença em humanos”. Chama-se Plasmodium berghei e, até agora, as abordagens para o desenvolvimento de uma vacina têm apostado na modificação do Plasmodium falciparum, a estirpe que provoca a malária em seres humanos.
O problema com estas abordagens é que há um grande risco de desenvolvimento efetivo da malária em humanos, porque “poderá haver parasitas que escapem aos processos de atenuação em que as vacinas se baseiam”, explica o cientista.
No projeto agora contemplado com um financiamento de 100 mil dólares (€72 mil) da Fundação Melinda & Bill Gates , os riscos de segurança são praticamente inexistentes, porque o parasita que provoca a malária em roedores não consegue fazer em seres humanos.
A malária atinge por ano mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo e mata dois milhões, sendo metade crianças com menos de cinco anos de idade. Cerca de 90% destas mortes ocorrem na África subsariana.

Projeto para aumentar resistência das crianças

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A mortalidade das crianças é a principal preocupação de outra equipa de cientistas portugueses, que trabalha no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), e que também foi contemplada por um financiamento de 100 mil dólares da Fundação Melinda & Bill Gates.
A sua abordagem da malária é feita noutra perspetiva, recorrendo a anticorpos contra a flora intestinal, produzidos naturalmente pelo corpo humano. A equipa liderada por Miguel Soares (IGC) e Henrique Silveira (IHMT), está convencida que a maior incidência de malária grave nas crianças com menos de cinco anos se deve aos baixos níveis desses anticorpos.
Com efeito, são necessários três a cinco anos depois do nascimento de uma criança para que esses anticorpos se acumulem no sangue, tornando a criança menos suscetível à infeção pelo parasita da malária.
Para testar esta hipótese, os cientistas portugueses vão recorrer a ratinhos geneticamente modificados para produzir o anticorpo humano contra a flora intestinal. Os ratinhos vão ser postos em contacto com mosquitos da malária e espera-se que sejam resistentes à infeção.
Se assim for, abrem-se perspetivas ao desenvolvimento de novas terapias através do aumento dos níveis de anticorpos no sangue das crianças.

VA/Expresso/JA

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