Presidenciais nos EUA. Iowa inaugura época de primárias

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Donald Trump (Republicanos) e Hillary Clinton (Democratas) lideram as sondagens

Fora dos Estados Unidos poucos saberão quem é John Kasich, um dos candidatos republicanos à nomeação do partido para disputar a presidência norte-americana com o candidato democrata em novembro. Mas é em Kasich que o conselho editorial do “New York Times” aposta as fichas, o “único candidato plausível” do Grand Old Party (GOP, como o partido republicano é conhecido).

Sondagens recentes colocam o governador do Ohio em 2.º lugar nas primárias do estado de New Hampshire, que se realizam dentro de uma semana, o que não só levou os seus apoiantes e investidores a injetarem quatro milhões de dólares na sua campanha nas últimas duas semanas, como obrigou também Kasich a fazer uma escolha: a de se ausentar do primeiro ato eleitoral das presidenciais de 2016, que acontece esta segunda-feira no estado do Iowa.

Pelo contrário, os rivais diretos de Kasich, com o milionário Donald Trump à cabeça, e os candidatos democratas Hillary Clinton e Bernie Sanders passaram os últimos dias em corridas desenfreadas pelo estado para convencerem os eleitores a depositarem neles a sua confiança. Apesar de muito poder mudar ao longo dos próximos meses, até ao momento em que os delegados de cada partido se reunirão nas respetivas convenções nacionais no final do verão, os chamados caucuses do Iowa são tidos como termómetro importante às intenções de voto — um evento de redobrada importância considerando que, ao contrário de 2012, em que Barack Obama tinha a reeleição garantida, este ano nada está decidido até ao dia das eleições presidenciais.

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O que são os caucuses?

Existem dois modelos de escolha de candidatos ao longo das primárias que antecedem as eleições norte-americanas. Se nalguns estados, como New Hampshire, os eleitores de cada partido escolhem diretamente o candidato em quem mais se reveem, no Iowa o sistema é diferente, mais antigo. Um caucus é um evento que reúne cidadãos afiliados a um determinado partido em escolas ou até quartéis de bombeiros para debaterem que candidatos apoiar na corrida à Casa Branca.

Ao longo do dia desta segunda-feira, os cidadãos do Iowa vão estar reunidos em 99 caucuses, correspondentes aos 99 condados do estado, para escolherem os delegados que irão representá-los ao longo das primárias e que, por sua vez, irão escolher os delegados que, em julho e Aagosto, darão a nomeação a apenas um dos candidatos na convenção nacional do seu partido.

A forma como os caucuses funcionam varia consoante o estado e o partido em questão. No caso do Iowa, o primeiro evento eleitoral que serve de tiro de partida às primárias dos próximos meses, os caucuses republicanos têm um modelo mais simples: um representante de cada candidato, seja Kasich ou Trump, faz um discurso final para convencer os eleitores, que por sua vez depositam um voto cada naquele que consideram ser o melhor candidato. Ganha o estado, e consequentemente maior número de delegados para a convenção nacional republicana, o candidato que tiver mais votos.

Do lado do Partido Democrata, a votação segue de forma diferente. Assim que as portas dos espaços de reunião abrem, pelas 19h locais (1h da manhã de terça-feira em Lisboa), cada eleitor tem de declarar a sua preferência por um candidato, com os indecisos a juntarem-se num grupo à parte. Para que cada grupo de apoiantes, quer os que estão do lado da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, quer os que apoiam o ex-senador pelo Vermont Bernie Sanders, seja considerado “viável”, é necessário que garanta um mínimo de apoiantes (normalmente acima dos 15% de eleitores desse condado).

Para dar um exemplo concreto, antecipa-se que os cidadãos do Iowa que apoiam o candidato democrata Martin O’Malley sejam forçados a juntar-se a um dos outros grupos, seja o que apoia Clinton ou o que apoia Sanders, por não reunirem número suficiente de votos. A parte mais controversa do sistema é o facto de, nos caucuses democratas, os eleitores terem de assumir o seu voto publicamente em frente a amigos, familiares e colegas de trabalho.

Trump e Clinton lideram sondagens

De acordo com a última sondagem antes dos caucuses do Iowa, levada a cabo pela Selzer and Co. e divulgada esta sábado, Hillary Clinton mantém uma ligeira vantagem sobre Bernie Sanders, uma tendência que se tem registado ao longo do processo que tem precedido as presidenciais de 2016.

A novidade nesta sondagem foi que Donald Trump parece estar em vias de garantir uma vantagem confortável sobre Ted Cruz, com uma larga maioria dos habitantes do Iowa a declararem que a ausência de Trump do último debate republicano antes desta votação não afetou em nada a sua intenção de voto.

Ted Cruz, o senador pelo Texas que chegou a liderar as sondagens para os caucuses do Iowa entre dezembro e janeiro, deverá perder terreno. Ainda que continue a ser considerado por muitos analistas o único republicano capaz de desafiar Trump, é cada vez menos a “pedra no sapato” do milionário que promete espezinhar minorias e imigrantes dentro dos Estados Unidos.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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