Primeiro Jornal do Algarve foi publicado há 61 anos

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Mais de seis décadas a lutar pelo desenvolvimento do Algarve. Lançámos a semente para o desenvolvimento do turismo e reivindicámos investimentos para a região: aeroporto, universidade, autoestradas, portos, entre outros

DOMINGOS VIEGAS

Esta sexta-feira, 30 de março, comemora-se o 61.º aniversário da publicação da primeira edição do Jornal do Algarve. Ao longo destas mais de seis décadas foram 3183 edições ininterruptas, mantendo sempre a linha de orientação lançada em 1957 por José Barão: um semanário regionalista, independente, de verdadeira dimensão regional e, principalmente, um jornal reivindicativo das causas da região.

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Refira-se que, além do vila-realense José Barão, diretor e grande mentor do projeto, na altura com 52 anos e com uma larga experiência no jornalismo nacional, nomeadamente como repórter do jornal O Século, o Jornal do Algarve contou com mais cinco sócios fundadores: Emílio Diogo Costa, Manuel da Silva Domingues (chefe de redação), Sebastião Santos Silva (editor), José Alves Mestre Júnior (administrador) e Manuel Rodrigues Álvares.

Além da luta constante pelo desenvolvimento do Algarve, desde o primeiro número que este semanário esteve na linha da frente antecipando o futuro. Logo nos primeiros anos, quando a indústria turística era ainda uma miragem, o Jornal do Algarve lançou a “Operação Algarve Turismo”, um movimento que teve o objetivo de alertar possíveis investidores para o potencial da região como estância de férias.

O Jornal do Algarve começou assim a sua luta para demonstrar que a nossa região possuía condições extraordinárias em termos de paisagem e de clima e que o turismo poderia transformar-se num importante motor económico. Muitos dos artigos publicados nas primeiras edições podem considerar-se os primeiros textos promocionais da região em termos turísticos.

O sol e as praias foram as grandes bandeiras desta luta pelo desenvolvimento do turismo, mas, curiosamente, e quando o setor ainda não existia na região, o Jornal do Algarve já alertava para outras potencialidades em termos turísticos, ou seja, para o Algarve mais genuíno, para as tradições, para a cultura, para as paisagens serranas, entre outras.

Depois de lançar a semente, o Jornal do Algarve reivindicou investimentos necessários ao incremento do turismo. Alertou para a necessidade de novas unidades hoteleiras, para a necessidade da construção de um aeroporto, uma obra que foi defendida em muitos artigos como sendo “de interesse regional, nacional e internacional” (ainda no final da década de 1950) e “imprescindível ao turismo”.

O caráter reivindicativo foi evidente ao longo dos anos que se seguiram, através de textos que representavam autênticos alertas à navegação sobre a realidade da região. Títulos como “Vamos pensar a sério nas nossas armações de atum?”, alertando para a decadência daquela atividade, e “Castro Marim Gata Borralheira adormecida, precisa de despertar do seu torpor”, que alertava para a necessidade de recuperação do património, são apenas dois exemplos do papel reivindicativo que o Jornal do Algarve desempenhou desde os primeiros números.

Os objetivos lançados e desenvolvidos durante os primeiros nove anos de existência do Jornal do Algarve por José Barão, a grande alma mater deste semanário, tiveram continuidade com os seus sucessores após a sua morte, em agosto de 1966. A independência demonstrada pelo Jornal do Algarve deu-lhe credibilidade, enquanto as reivindicações e as causas que defendia transformaram-no num órgão de comunicação necessário para a região.

Na década que se seguiu ao falecimento de José Barão (1970), as reivindicações e os gritos de alerta continuaram a ser uma constante. A luta pela construção de uma universidade na região prolongou-se até 1979, ano em que foi publicada a Lei para a criação da Universidade do Algarve e do Instituto Politécnico de Faro (acabariam por unir-se numa única instituição em 1982).

Nesta altura foram ainda publicados textos que apresentavam soluções para o problema do assoreamento da barra do Guadiana e para a decadência da indústria conserveira. O Jornal do Algarve também reivindicou a construção de uma ponte, no mesmo rio, que unisse Vila Real de Santo António e Ayamonte. Esta só seria uma realidade já na década de 1990, tendo sido construída um pouco mais a norte do que indicavam as pretensões iniciais. As reivindicações incluiam ainda a criação de portos, capazes de receber grandes paquetes, a construção de barragens, entre outras obras consideradas fundamentais para o desenvolvimento do Algarve.

A partir de 1983, o Jornal do Algarve entra num novo ciclo depois de ser adquirido pela empresa Viprensa aos herdeiros de José Barão. José Manuel Pereira, que foi o braço direito de José Barão durante vários anos, continuou como diretor e Fernando Reis, actual diretor, foi então chefe de redação.

Apesar destas alterações, manteve-se o cariz reivindicativo, o rigor e a independência, valores que fizeram ao longo dos anos com que o Jornal do Algarve se transformasse num jornal de referência, dando voz às necessidades da região. Esta nova era marcou também a modernização do jornal, que passou a adaptar-se às novas tecnologias.

O desenvolvimento do turismo continuou a ser acompanhado e os gritos de alerta continuaram a ser uma constante. Defendeu-se que o Algarve deveria ser uma estância turística para todo o ano, para quebrar a sazonalidade, e que a região deveria apostar na qualidade. O Jornal do Algarve defendeu ainda a concretização da Ponte Internacional do Guadiana, a conclusão da autoestrada para Lisboa, a criação de mais escolas e hospitais, o alargamento das redes elétricas e de saneamento básico, entre outras infraestruturas necessárias ao desenvolvimento da região. Quando se cometeram os primeiros abusos no setor turístico e na construção civil, o Jornal do Algarve alertou para a necessidade do ordenamento do território. Reivindicou, ainda, a regionalização.

Hoje, o Jornal do Algarve continua a estar presente de sotavento a barlavento e, além da edição impressa e semanal, possui ainda uma edição on-line (www.jornaldoalgarve.pt). Tem assinantes em todo o território nacional e em mais de 40 países dos cinco continentes, continuando a ser o jornal da região de maior expansão.

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