Foi uma operação relâmpago, tipo comando e em grande, do género das que se veem apenas nos melhores filmes de ação de Hollywood. Os assaltantes (provavelmente oito), todos vestidos de negro e visivelmente profissionais e muito bem informados, nem precisaram de disparar um tiro com as Kalachnikov que empunhavam.
Às 21h (20h em Lisboa) deste domingo, obrigaram a parar, num pequeno lanço de autoestrada, junto à Porta de la Chapelle, em Paris, uma caravana composta por uma dezena de automóveis de luxo que se dirigia para o aeroporto Charles de Gaulle, a norte de Paris. Na coluna seguia um príncipe da Arábia Saudita, com família, adjuntos e seguranças.
Os assaltantes sabiam exatamente o que fazer: com os dois BMW que os transportavam, dirigiram-se de imediato ao Mercedes que encabeçava a coluna. Dois deles entraram no carro, que transportava três pessoas, obrigaram-no a arrancar e nem sequer ligaram aos restantes automóveis, cujos motoristas tinham sido obrigados a parar, aparentemente sem suspeitarem do que se passava uns metros à sua frente.
Segundo as informações que circulam em Paris, o Mercedes transportava 250 mil euros em dinheiro e documentos considerados importantes, “eventualmente sensíveis e confidenciais”, segundo algumas fontes. Os assaltantes levaram o motorista e os dois passageiros como reféns – mas libertaram-nos pouco depois.
A operação, na Porta de la Chapelle, durou apenas alguns curtos minutos. Em termos operacionais, uma hora depois estava tudo resolvido: o Mercedes e os dois MBW foram encontrados abandonados e incendiados, numa aldeia da região parisiense; os “reféns” foram encontrados vivos e sem um arranhão; junto ao local onde foram encontrados os chassis dos três automóveis calcinados, foram recolhidos pela polícia, segundo informa o jornal “le Parisien”, medicamentos e ainda duas notas de 500 euros e documentos em língua árabe (nem uns nem outros queimados).
Ao princípio da tarde desta segunda-feira, a polícia francesa que investiga o estranho caso ainda parecia às aranhas. “Tentamos saber o que realmente era visado, se o dinheiro, se os documentos, mas temos a certeza de que os assaltantes estavam muito bem organizados e muito bem informados – até sabiam a hora a que a comitiva passaria naquela zona de saída de Paris!”, comentou Nicolas Comte, secretário-geral de um sindicato policial.
Até ao momento ninguém consegue explicar o que realmente aconteceu. A Embaixada da Arábia Saudita em Paris já não responde a perguntas de jornalistas desde a noite deste domingo. A Judiciária francesa, que ainda não parece ter pistas credíveis que a possam conduzir aos assaltantes, recolhe indícios e já terá começado a interrogar o motorista e os dois passageiros do Mercedes incendiado.
Tudo parece muito complicado porque, devido à forma metódica como se desenrolou o assalto, o caso pode ser muito complexo. “Se estavam à procura de documentos sensíveis, o assunto muda de natureza e não se tratará apenas de grande banditismo, mas de algo muito mais baralhado”, explica um agente citado pelo “le Parisien”.
O nome do príncipe saudita não foi divulgado até agora. Apenas se sabe que toda a comitiva que seguia para o aeroporto estava instalada no conhecido Hotel George V, um prestigiado palacete da zona dos Campos Elísios, em Paris – um hotel que, por sinal, é propriedade de Al-Walid bem Talal ben Al Saoub, príncipe da… Arábia Saudita!
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