Projeto criado para dar voz às mulheres arranca este mês

O coletivo explica que este é um trabalho de incentivo à criação e de divulgação de textos inéditos escritos por mulheres, levando-os a cena e publicando-os

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Um coletivo artístico de mulheres criou um projeto intitulado “Virgínias”, para levar a palco textos inéditos escritos por mulheres cis, trans ou não-binárias, uma iniciativa que pretende fazer “discriminação positiva” e que arranca este mês no Algarve.

O ponto de partida é a escritora Virginia Woolf e a sua obra literária “Um quarto só seu”, na qual escreveu: “Fazem alguma ideia de quantos livros se escrevem sobre mulheres no curso de um ano? Fazem ideia de quantos são escritos por homens?”, explicou o coletivo, em comunicado.

“Quase 100 anos depois da publicação da obra literária ‘Um quarto só seu’, de Virginia Woolf, sabemos que as respostas a estas questões estão ainda longe de serem representativas e igualitárias tanto no panorama de criação literária, como em tantos outros. Foi a partir desta reflexão sobre a escrita de e sobre mulheres que nasceu o projeto”, acrescentou.

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O coletivo – composto por Flávia Gusmão, Helena Ales Pereira, Inês Oneto, Madalena Palmeirim, Marlene Barreto e Patrícia Soso – explica que este é um “trabalho de incentivo à criação e de divulgação de textos inéditos escritos por mulheres (cis, trans ou não-binária), levando-os a cena e publicando-os”.

“É urgente contrariar a história da literatura que perpetua o privilégio de homens (geralmente brancos e de classe média) e corrigir o viés ideológico e social desta tendência. É necessário ampliar o universo de obras disponíveis para que haja uma representação da mulher e da comunidade LGBTQIA+ mais igualitária”, consideram.

Para isso, defendem a necessidade de “descobrir, resgatar, reclamar esse espaço, dando voz e corpo a esses textos”.

O projeto começa esta segunda-feira no Algarve, com o lançamento de uma ‘Open Call’ para apresentação de textos inéditos escritos por mulheres residentes na região.

A primeira incursão na busca destes textos originais – que não podem ter sido publicados, editados ou representados – será feita a partir do Cineteatro Louletano, podendo concorrer todas as mulheres que residam nesta região e que escrevam em qualquer uma das variantes da língua portuguesa, inclusive usando o género neutro.

O envio de textos pode ser feito até dia 24 de julho, através do site do projeto, e deve também incluir uma carta de apresentação e um texto original.

Segundo as organizadoras, serão aceites diversas formas literárias, como ensaios, crónicas, contos, material biográfico, declarações artísticas, textos para cena, manifestos ou cartas, que “privilegiem as temáticas de Identidade, Memória e Género”.

Serão selecionados oito textos para serem trabalhados juntamente com o coletivo “Virgínias”, que posteriormente os levarão a palco numa leitura encenada.

O trabalho de criação, edição, encenação e apresentação ao público será desenvolvido durante uma residência artística em Loulé, entre os dias 11 e 23 de agosto.

A leitura encenada marca o encerramento da residência com uma apresentação que integra diversos grupos da comunidade local e que será gratuita e aberta ao público.

Esta residência é financiada pelo Cineteatro Louletano, produzida pelo Casulo, Artes Performativas e Audiovisuais e conta com a parceria da Câmara Municipal de Loulé, Loulé Criativo, Mákina de Cena, Casa Cultura de Loulé, Grémio Dramático Povoense e Bô Dixam Bai Associação.

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