Prolongamento de mandato de Guterres na ONU não impede candidatura a Belém

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Tradicionalmente, os mandatos dos altos-comissários da ONU terminaram no final do ano, mas devido à demissão do antecessor de Guterres no cargo, este assumiu-o mais cedo, em junho de 2005, cumprindo neste momento o final do seu segundo mandato

O mandato de António Guterres como Alto-comissário para os Refugiados foi prolongado até ao final deste ano, véspera das eleições presidenciais em Portugal, previstas para janeiro de 2016.

Mas a decisão da ONU, já previsível, não vem impedir a sua eventual candidatura a Belém, se ele o desejar. Foi o próprio Guterres que o recordou ao Expresso, logo no princípio de janeiro, quando essa questão começou a ser analisada na ONU, dizendo que era “sempre livre de decidir a sua vida”.

“É uma simples questão técnica que Nova Iorque está a analisar, dado que excecionalmente eu comecei em junho por causa do problema do meu predecessor e não é claro se eu devo acabar em junho ou, como é normal, no fim do ano”, afirmou, em resposta à pergunta do Expresso. E realçou ainda: “Independentemente da interpretação que vingar, eu sou sempre livre de decidir a minha vida. Tudo isto é, portanto, muita parra e pouca uva”.

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A decisão agora anunciada é apenas o culminar do tal processo “técnico”. Tradicionalmente, os mandatos dos altos-comissários terminaram no final do ano, mas devido à demissão do antecessor de Guterres no cargo, este assumiu-o mais cedo, em junho de 2005, cumprindo neste momento o final do seu segundo mandato.

O antigo líder socialista ainda não esclareceu se concorrerá a Belém, juntando-se a outros cinco potenciais candidatos à esquerda (António Vitorino, Maria de Belém, Jaime Gama, Sampaio da Nóvoa e Carvalho da Silva).

Por outro lado, se optar pela corrida a secretário-geral da ONU, poderá enfrentar como principal rival a comissária europeia búlgara Kristalina Giorgieva. De acordo com as regras da ONU, elaboradas no tempo da Guerra Fria, o próximo cargo de secretário-geral deveria caber a um candidato da Europa Oriental e, só no caso de não ser possível, reverteria para a Europa ocidental, em que se encaixaria Guterres.

Um candidato da Europa do Leste, devido à atual situação na Ucrânia, pode facilmente esbarrar com a oposição da Rússia (um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, os quais determinam a escolha dos candidatos a secretário-geral), o que não seria o caso da comissária europeia, à qual Moscovo não se oporia.

Kristalina, economista e ex-vice-presidente do Banco Mundial, é atualmente responsável pela pasta do Orçamento, mas na última Comissão de Durão Barroso tinha a pasta do Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, o que lhe granjeou um respeito generalizado.

RE

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