Marcelo Rebelo de Sousa criticou a última Comissão Nacional do PS e disse que o atual líder socialista fez o seu jogo, violando os estatutos do partido, para impedir outras candidaturas à liderança. O PS reagiu em comunicado.
Os socialistas “lamentam e repudiam” o comentário proferido ontem no Jornal da noite, da TVI, por Marcelo Rebelo de Sousa sobre o secretário-geral do PS, António José Seguro, e acusam que o também militante social-democrata de “faltar à verdade” três vezes.
Perante aquilo que considera uma “tamanha falta de ética ou de profissionalismo”, o Secretariado Nacional do PS anunciou em comunicado que vai “formalizar a solicitação do direito de resposta/retificação à TVI (o qual já foi solicitado telefonicamente) e expressa publicamente a sua solidariedade para com o secretário-geral do PS”.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que a recente revisão de estatutos do PS foi uma “jogada politicamente importante de Seguro” e que a partir de agora é de lamentar que “ganhe a lista que tiver mais votos, como no tempo do salazarismo”.
“Durante largos minutos, o dr. Marcelo Rebelo de Sousa permitiu-se interpretar e fazer juízos de valor e de intenções sobre o carácter e as motivações do secretário-geral do PS, denegrindo o seu bom nome e reputação, atentando contra a sua integridade moral e imagem de cidadão e de político, com base em pressupostos e factos totalmente falsos”, refere o secretariado nacional do PS.
Na opinião de Marcelo, tratou-se “não só uma ideia talentosa para controlar um grupo parlamentar que está sempre a fazer-lhe a folha, mas também assegura que, se Seguro for eleito no início de 2013, não terá tem de enfrentar mais ninguém até às legislativas e será candidato a primeiro-ministro”.
“Um líder forte não precisa de golpaças”
“Um líder forte não precisa destas golpaças de revisão de estatutos, violando-os. Se faz isto enquanto líder oposição, o que fará quando for primeiro-ministro? Seguro fez uma tropelia aos estatutos que nem Sócrates conseguiu fazer”, comentou Marcelo ponderando se, assim sendo, não terá sido Passos Coelho o verdadeiro vencedor, dando a entender que se trata de um adversário mais fácil comparativamente com António Costa
Os socialistas, indignados com as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, sustentam que as diretas para a escolha de candidatos a deputados, segundo a revisão dos estatutos aprovada sábado pela Comissão Nacional do PS, “adotam o princípio da proporcionalidade para a elaboração da lista final e não o princípio maioritário. O dr. Marcelo Rebelo de Sousa faltou à verdade”.
“As eleições para os órgãos nacionais do PS realizam-se no próximo ano nos mesmos prazos previstos pelos atuais estatutos. Ao contrário do que afirmou o dr. Marcelo Rebelo de Sousa o Congresso Nacional nunca, mas nunca, esteve previsto realizar-se no início do ano de 2013. O dr. Marcelo Rebelo de Sousa voltou a faltar à verdade”, acrescenta o secretariado.
“A revisão dos estatutos foi transparente”
A Comissão Nacional do PS, segundo o órgão da direcção do partido, aprovou os estatutos, “porque tinha o dever de o fazer”, já que o fora mandatada expressamente pelo Congresso e isso “correspondia a um compromisso político do secretário-geral”.
De acordo com o mesmo comunicado, o processo de elaboração dos novos estatutos “foi transparente e participado”, tendo começado em Setembro e terminado, “tal como prometido”, em 31 de Março.
“Foi um processo aberto, transparente, público sobre a modernização do PS, no qual se envolveram milhares de simpatizantes e muitos independentes. Não foi um processo feito à socapa e à última da hora. Foi um processo debatido ao longo de seis meses. Também aqui o dr. Marcelo Rebelo de Sousa faltou à verdade”, acusam os socialistas.
“Independentemente das suas opções partidárias, os portugueses conhecem o dr. António José Seguro e sabem que é um cidadão exemplar e um político honesto”, concluem.
