Quando o coração perde a sanidade, está tudo lixado

Não sei quem escreveu a frase: Deixem que falem bem ou mal de mim, o que importa é que falem… Mas não pedir desculpa é vergonhoso

Nem sei de quem é a frase, Deixem que falem bem ou mal de mim, o que importa é que falem… repito, mas também não tive tempo para procurar o seu autor, mas isso não invalida, que não lhe agradeça o brinco ou a brincadeira, mas não gosto, porque sou mais dado, a que me ignorem, e cada vez mais, pois mesmo calado, isto é, quando não digo nada, nesse silêncio até já me tenho sentido um poeta. Mesmo assim, andam à procura de falsos sinais meus para aguçarem os seus desejos.

O Público enfiou uma foto minha na página 4 como se eu fosse outra pessoa. Eu que sempre fui a mesma pessoa. No dia 5, o Público, disse que ERROU


Adoro as pessoas que vivem nas veias da serra ou do barrocal. São pessoas genuínas, autênticas, como são aquelas que de candeio tipo pisca-pisca e o estremecer ondulante da vazante, se batem contra a rede rasgada pela malvada pedra ali colocada de propósito, pois com tanto mar para navegar e lançar as redes, logo aquela pedra acabaria por estar ali…


Mas às vezes do barrocal e da serra e dos sítios por onde correm todas as vazantes, também existe malta que não passam de troca tintas, que se julgam superiores, vaidosos, mafiosos, que sempre jogaram à carta com dois baralhos e acompanhados de informadores, que davam sinais sobre a próxima carta a jogar.


E o que são muitas destas pessoas, senão homens sem capacidade para ampliarem a consciência, e por isso vão vivendo e bem, aos safanões dos interesses. E tenho pena, porque eram pessoas que nos poderiam galvanizar, entusiasmar, ajudar-nos a suavizarmos os dramas, as hipócritas, mas depois chegamos à conclusão, que eles não são hipócritas, antes estão perdidos porque desenharam e depois construíram uma montanha que são incapazes de ultrapassar.


Sempre adorei a palavra licença. Licença para falar e muitas outras licenças, mas não a chamada licença para não fazer nada, mas nunca gostei da chamada licença sem vencimento, pois neste caso concreto aparecem sempre uns artistas académicos ou não, que furam os esquemas e lá vão sobrevivendo com o peito cheio, com a maçaroca a cair sempre na sua conta bancária. Mas tenho repúdio aos que com ou sem licença, são incapazes de pedir desculpas pelos erros e pelas omissões. Hoje, até me apetece fazer um avião de papel…

Ainda trago o sabor da hóstia


E enquanto escrevo estes sinais, procurando descrever gente que é incapaz de assumir o erro, que é incapaz de olhar para dentro de ti, dou comigo a ajudar o meu velho e saudoso sogro, António Pereira, que também morava na mesma terra do poeta com o mesmo nome e que escreveu A Minha Rua Tem o Mar ao Fundo, o fabuloso poema, que era uma espécie de hino e sinal luminoso para o nosso saudoso e querido amigo Professor António Rosa Mendes.


Pois nessa noite, o meu sogro acordou-me, para ir ver o mar bem junto à areia a ajudá-lo a colocar o barco em cima do mar salgado. Depois, convencido que ia navegar com ele, pois a noite anunciava as quatro da mãe, deu um grito de respeito, como sempre me falava e disse: Vá mas é dormir. Para empachar já me chegam as redes…


E lá fui, sem antes, subir à Fortaleza, adornada pela Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, e logo a seguir de cima daquele promontório, chega-me à memória, ainda que aos saltinhos, o tal poema de António Pereira, A minha rua tem o mar ao fundo.

A minha rua tem o mar ao fundo, belo e poderoso poema de António Pereira

“Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
Sempre que passa aqui algum navio
Passam, aqui, navios de todo o mundo
Oiço a voz que me namora
Da outra banda do mar…
Que me namora e me chama
Da outra banda do mundo
E se eu abalasse mãe?
E se eu abalasse e nunca mais voltasse?
Choravas, sim, eu sei bem
Posso não ser filho às vezes
Mas tu és mãe, sempre, mãe!
Se não fosse a minha mãe,
Se não fossem os meus,
Adeus aldeia, adeus praia,
Adeus gaivotas, adeus.
E eu vou ficando, não chores
Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci,
Nesta rua que tem o mar ao fundo,
Onde nasceram meus pais,
E nasceram e morreram antepassados que não conheci;
Aqui há um poder maior
Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar,
Que me namora uma chama da outra banda do mundo.”


Nesse dia/noite, em que julgava que ia navegar, num Agosto belo com a lua tornada holofote, ainda levava comigo o sabor da última hóstia, o chamado corpo de Cristo.


Curioso, é que nessa mesma noite, voltei a recuar no tempo e regressar outra vez à Igreja, para assistir à chamada bênção dos ramos. Era então no meu calendário de vida, Domingo de Ramos, no caminho para o Domingo de Páscoa, que vem já a seguir.


A Igreja estava em busca de uma greta para que se pudesse respirar, pois neste fim de tarde, gente de todas as idades, mas sem bebes chorões, todos ficaram caladinhos e compreensivos, com os escuteiros na sua constante alavanca de solidariedade num ritual de fé e de paz.

Que a ressurreição nos traga a paz

O COVID ainda anda por aqui


Mas voltemos às dores de crescimento que ainda vivemos, porque por agora já deixámos de dar corda aos sapatos na fuga para o covid 19 como tudo tivesse acabado e andamos todos mais ou menos animados com o caminho feito, por forma a minimizar-se o Covid 19, pois raro se poderá falar da sua eliminação, coisa que pertence à ciência, e mesmos estes andam naturalmente um pouco às avessas.


Acontece, que nestes últimos meses, e no que se refere a Portugal, ainda não houve tempo de espreitarmos, nem pelo buraco da fechadura, sobre as dúvidas que nos surgem, sobretudo à ciência, e todos já esquecemos as primeiras e dramáticas semanas, meses que funcionaram tendo como tese «era preciso atacar para que o balão não rebentasse», com o que tínhamos mais à mão, numa espécie de produção caseira; máscaras, viseiras, gel, zaragatoas, à mistura de algumas benzeduras.


E também nos esquecemos, que por essa altura, está agora a fazer anos, cantámos Abril às varandas ou às janelas, enterrámos os nossos mortos, com os idosos com a vida inquinada, numa espécie de «febres nos lares», e só agora o sol parece andar a jogar às escondidas, mas espreitando cada um de nós. Mas atenção, que nada acabou e não é a guerra da Ucrânia, a tomada de posse do novo Governo ou as eleições em França que nos vão retirar do centro das nossas responsabilidades, das responsabilidades de cada um, porque a pandemia não meteu férias.


E até em certa altura começou a ser anunciado o Stayaway. Fiquei confuso sem saber do que se tratava. Pensava que era mais um reforço para a equipa Sporting, mas depois de consultar o sítio dos jornais desportivos, porque normalmente são eles que nestas coisas do desporto, dão a notícia em primeira mão, não conseguimos detectar nada. Depois, já na hora do lanche, enquanto fazia pesos e alteres com umas imperiais no restaurante O Pescador, neste caso em Loulé e em conversa com o meu amigo Fernando Pereira – porque ele anda sempre muito bem informado – conclui que se tratava de uma coisa que nasceu para ajudar o País nos rastreios, quando a agitação do COVID, A coisa ainda não passou e no outro dia, um amigo bem chegado, vendo-me de máscara, disse-me logo: –

É pá! Tu ainda andas de máscara? Pensei como respostas em dizer-lhe um nome feio, mas não, limitei-lhe a responder com um tónico de moral: – Se eu fosse tão bonito como tu, também tirava a máscara. E ele lá seguiu o seu caminho. Mas fê-lo com algum nervosismo, pois uns metros mais à frente, encalhou no lancil, mesmo junto à café Havaneza, também em Loulé, e entrou pela porta de traz de um táxi, que se encontrava parqueado, e que o taxista minutos antes para pôr o carro a respirar tinha aberto a porta. Foi a sorte do meu amigo, pois era capaz de ficar decalcado na testa com as cores do táxi…


As pessoas andam nervosas. Trocam os nomes e os retratos, bracejam na rua a torto e a direita. Eu próprio às vezes quando me vou a pentear, começo a discutir com o espelho, mas o pior de tudo é que o coração perdeu a sanidade e por isso está tudo a ficar lixado… mas tenham uma PÁSCOA FELIZ.

Neto Gomes

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