Quase um milhão de portugueses tem salário inferior a €600

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Se o PCP e o Bloco de Esquerda impuserem o aumento do salário mínimo nacional para 600 euros, mesmo que a prazo, quase um milhão de portugueses poderão ser aumentados. Tudo depende dos termos do acordo que comunistas, bloquistas e socialistas estão a negociar, no âmbito da formação de um governo alternativo ao de Passos Coelho. O acordo poderá prever um aumento faseado, a partir dos atuais 505 euros, ao longo de quatro anos.

Os dados foram coligidos por João Cerejeira, professor da universidade do Minho e um dos autores do relatório feito em 2011 por esta universidade em parceria com a Faculdade de Economia do Porto, a pedido do então ministro da Economia.

Existem cerca de 42% dos trabalhadores por conta de outrem com salários até €600. Alguns sectores como a restauração ou a distribuição, mais dirigidos à procura interna, podem ter o impacto minimizado pelo facto de beneficiarem de um aumento de procura. Do lado dos trabalhadores, pode também dar-se o caso de ‘perderem’ parte da subida caso as empresas cortem noutras componentes de remuneração ou de haver uma subida do nível de preços devido ao ajustamento das empresas.

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Este cenário de impacto significativo resulta de uma subida — eventual — para €600. Caso sejam subidas de menor dimensão, e dentro dos ganhos de produtividade, os estragos provados são menores. Um estudo publicado pelo Banco de Portugal em 2011 — da autoria de Mário Centeno (que está ao lado de António Costa nas negociações), Cláudia Duarte e Álvaro Novo — apontava para efeitos negativos mas pequenos de aumentos do SMN no emprego. O Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que tem sido um feroz crítico da política de austeridade, sublinhava também em janeiro, numa edição do Observatório das Crises e das Alternativas, o impacto do salário mínimo e sublinhou que se tivesse aumentado logo em 2012 para €505 isso “apenas significaria uma subida de 0,36% da massa salarial nacional”.

Ao todo, existe quase um milhão de portugueses a trabalhar com o salário mínimo. São 20% da força de trabalho. Atualmente, 42% dos trabalhadores por conta de outrem (excetuando o setor público) ganham até €600. Só no comércio e serviços são cerca de 300 mil com o salário mínimo, segundo dados da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.

Assim se percebe por que razão tantas empresas estão contra uma subida do salário mínimo tão elevada: aumentaria os seus custos. Tanto que muitos economistas e representantes de patrões têm alertado para o impacto colateral, o emprego pode reduzir-se.

João Silvestre (Rede Expresso)

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