Portugal só aposta em três espécies florestais, uma escolha ditada pelo interesse económico que eucalipto, sobreiro e pinheiro têm nas respetivas fileiras. A Quercus defende que devia desenvolver-se outras indústrias para incentivar o povoamento com mais tipos de árvore.
A decisão acerca das espécies a plantar surge, por exemplo, após os incêndios que, desde 2003, afetam a floresta portuguesa. Tanto a Quercus como a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) dizem que “muito pouco” se tem feito em termos de repovoamento.
A maior parte dos casos de plantação de floresta estão relacionados com as indústrias do papel, da cortiça e da madeira de pinheiro, como referiu à agência Lusa Domingos Patacho, da Quercus. Defendeu que “devia haver outras indústrias, mesmo mais pequenas, que solicitassem madeira de qualidade”.
Aliás, ao utilizarem outros tipos de madeira, as indústrias estariam também a evitar “importar tantas espécies exóticas, muitas vezes com impactos ambientais em outros locais”, lembrou.
“As espécies [mais plantadas] são principalmente pinheiro, eucalipto e sobreiro [que] são as fileiras florestais que existem em Portugal”, realça Domingos Patacho.
“Muitas espécies podem ser plantadas em Portugal. Há algumas autótones bem adaptadas [às condições do país] e outras que podem não ser portuguesas mas conseguir ter condições para ser plantadas cá. Isso não ocorre porque Portugal tem três fileiras, o eucalipto para a pasta de papel, o sobreiro para a cortiça e o pinheiro bravo para a madeira”, disse.
E o técnico da Quercus exemplificou espécies que não são alvo de tanto interesse por não terem “uma indústria específica a reclamar esse tipo de madeira”: cerejeira, nogueira preta, choupo ou carvalho.
Entre as espécies, a que mais sofreu com os incêndios foi o pinheiro bravo, disse Domingos Patacho, acrescentando que parte dessa área entra em regeneração natural.
AL/JA