Ranking dos hospitais. São João, mestre no ofício de bem cuidar

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A nova distinção na radiografia ao desempenho dos estabelecimentos de saúde públicos “não surpreendeu os médicos nem os utentes” do histórico São João do Porto, hospital que repete o lugar cimeiro do pódio no ofício de bem tratar.

Margarida Tavares, diretora clínica da instituição, lembra que esta é já a oitava vez em 11 avaliações globais que o Hospital de São João ocupa a posição cimeira do ranking elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública.

O espírito de missão, o amor à camisola, o trabalho em equipa e a monitorização da informação em tempo real das diversas valências hospitalares são alguns dos fatores que, segundo Margarida Tavares, explicam o sucesso do São João, mesmo em anos de duros cortes na saúde.

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“Os últimos cinco anos foram particularmente difíceis ao nível de recursos disponíveis, mas neste hospital, dos clínicos aos diretores de serviços, passando pelos chefias intermédias, mantém-se a vontade de dispensar aos utentes o que de melhor se faz no mundo, quer na doença como na prevenção”, refere a diretora clínica.

A vontade de não se contentar com o básico começa a montante na maior unidade de saúde mais emblemática do Porto, diferenciação que Margarida Tavares diz não ser alheia à formação dos jovens internos e ao investimento feito em parcerias com os melhores hospitais estrangeiros.

“A preocupação de bem acolher e tratar faz parte da cultura história deste hospital, estratégia que não se perdeu com a política de racionalização de recursos”, acrescenta Margarida Tavares.

A informação em rede dos diversos departamentos, que permite detetar qualquer tipo de desvio ao padrão das unidades de saúde e serviços, é apontada como fundamental para os bons resultados de gestão global. “Há um controlo efetivo e em tempo real do que se passa neste hospital, do internamento, às cirurgias em ambulatório, número de infetados num serviço, que medicação fazem os doentes, taxa de ocupação de blocos e intervenção imediata para apurar as razões porque estão parados”, adianta a responsável clínica.

Distinção sem efeitos práticos

O hospital que viveu uma situação limite em meados de 2014, com a demissão em bloco de 58 diretores de serviço, “atravessa uma fase de estabilidade”, depois da administração liderada pelo resistente António Ferreira ter agilizado os problemas mais agudos de asfixia burocrática e de subfinanciamento junto do Ministério da Saúde.

“Nem tudo são rosas, os profissionais perderam alguns dos seus rendimentos, trabalha-se muitas vezes em esforço, mas não nos deixamos de sentir orgulhosos por sermos considerados os melhores naquilo que fazemos”, observa Margarida Tavares.

Para além dos louros, a distinção não tem resultados práticos num hospital onde o desinvestimento é sistemático ao longo dos últimos cinco anos: “É um prémio simbólico, pois o tratamento desigual mantém-se em relação a outras instituições que não cumprem orçamentos. Aliás, o São João é até prejudicado por ter acesso a menos recursos porque é preciso pagar as dívidas dos outros”.

A Avaliação do Desempenho dos Hospitais Públicos (Internamento) em Portugal Continental – 2014 é ainda provisória, mas tudo indica que o resultado final do estudo coordenado pelo investigador Carlos Costa não venha a sofrer desvios na validação final.

No top-5 dos hospitais, seguem-se o Hospital Beatriz Ângelo (PPP), em Loures, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, líder em 2012, o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (Santa Maria e Pulido Valente) e Unidade Local de Saúde de Matosinhos.

Ao todo, foram analisadas 11 unidades de saúde, resultando a elaboração do ranking da avaliação de todos os episódios de internamento para as doenças do aparelho ocular, cardíacas e vasculares, digestivas, endócrinas e metabólicas, ginecológicas e obstétricas, infeciosas, musculo-atléticas, neoplásticas, neurológicas, órgãos genitais masculinos, patologias dos ouvidos, nariz e garganta, pediátricas, da pele e tecido celular subcutâneo, respiratórias, dos rins e parelho urinário, do sangue e órgãos linfáticos, traumatismos e lesões acidentais.

O São João é o campeão nas doenças cardíacas, vasculares, digestivas, infecciosas e neurológicas. Na radiografia aos estabelecimentos de saúde, o Universitário de Coimbra passou com distinção no tratamento das doenças do aparelho ocular, nas patologias neoplásticas, pediátricas e respiratórias, ocupando ainda o 1.º lugar, em igualdade com o Centro Hospitalar de Lisboa Norte, na avaliação global da mortalidade.

O centro Hospitalar Tondela-Viseu conquistou a melhor classificação no tratamento de traumatismos e lesões acidentais. Ao nível do internamento, foi ainda escrutinado o desempenho global e indicadores como complicações de cuidados e readmissões.

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