Recuperados já são o dobro dos casos ativos de infeção

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A região algarvia regista mais recuperados do que infetados pelo vírus COVID-19, segundo os dados divulgados esta semana pela ARS/Algarve. Para um total de 236 pessoas recuperadas desde o início da pandemia há agora apenas 105 doentes infetados, de acordo com dados disponibilizados ao JA por aquele organismo. Dos 356 casos positivos (números acumulados), 236 já recuperaram, nove estão internados e 15 morreram

Segundo a Autoridade de Saúde Regional, o Algarve tem uma taxa de recuperação de 66,3% e, desde março até esta semana, já foram feitos 21710 testes cujo resultado foi negativo. Nos hospitais algarvios, além das três pessoas nos cuidados intensivos, estão internadas mais seis pessoas infetadas com o vírus e 15 faleceram.


O número de recuperados no Algarve começou a superar a quantidade de infetados a 7 de maio, tendência positiva que se veio a manter e reforçar até esta semana e que se traduz num bom sinal relativamente à pandemia de COVID-19 na região.

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Em casa, estão 96 doentes a ser tratados e acompanhados, além dos 170 que se encontram em vigilância ativa pelas autoridades de saúde, de acordo com os dados divulgados e atualizados às 00:00 de 18 de maio.


Desde o início do mês de maio, o número de confirmados diariamente no Algarve não supera as sete infeções, número que nos últimos dias se tem mantido entre um e três, segundo os gráficos disponibilizados pela Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS).


Ainda segundo os gráficos, o dia em que se registaram mais casos foi a 4 de abril, com 50 novas infeções na região.


Comparando com outras regiões de Portugal Continental, o Algarve apenas está à frente do Alentejo na evolução semanal do número de casos por 100 mil habitantes, ficando atrás do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo.


Há 66 Zonas de Apoio à População instaladas por todo o Algarve, mas apenas três delas estão acionadas neste momento, nos municípios de Albufeira, Portimão e Tavira “para quarentena/isolamento profilático”, segundo o documento da Comissão Distrital de Proteção Civil.


Nos lares de idosos e instituições similares já foram feitos 7892 testes e 260 segundos testes desde 30 de março, apenas com alguns casos positivos num lar em Boliqueime, enquanto nas creches já foram feitos 1419 testes desde 4 de maio, sempre com resultados negativos.


Segundo os dados divulgados pela DGS, em números cumulativos, até ao fecho desta edição o concelho de Albufeira tem 73 casos, Faro 63, Loulé 63, Portimão 40, Tavira 30, Silves 24, Vila Real de Santo António 13, Olhão 12, Lagoa 9, Lagos três, São Brás de Alportel três e Castro Marim três. Monchique, que já apareceu com três casos, volta a não constar no boletim da DGS, onde apenas estão presentes os concelhos com três ou mais infeções.


Um estudo da Cotec Portugal e da Nova Information Management School da Universidade Nova de Lisboa também revelou alguns novos dados acerca da pandemia de COVID-19 no Algarve, como a taxa de infeção na região, que ronda os 0,08%.


A mesma investigação aponta para 19 de abril como o dia do pico da prevalência da infeção, ou seja, o dia em que houve mais pessoas infetadas simultaneamente no Algarve.


O índice de risco, segundo o estudo “Dashboard COVID-19 Insights”, é mais alto em Tavira (7,64%), Loulé (5,12%) e Monchique (4,80%), enquanto a nível geral, na região, é de 4,94%. A taxa de infeção mantém-se abaixo de 1% em todos os concelhos, sendo as mais altas em Albufeira (0,18%), Tavira (0,12%) e Faro (0,10%).

Isolamento de concelhos evitou contágio


“Felizmente estamos sem casos”, declara ao JA o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves.


Desde a chegada da pandemia de COVID-19 a Portugal, o concelho de Alcoutim é um dos únicos a nível nacional que não regista nenhum caso positivo de infeção, tal como os municípios algarvios de Aljezur ou Vila do Bispo.


Estes bons resultados são fruto de “um trabalho em conjunto de toda a população, um reflexo daquilo que foi a nossa atitude e resposta feita na primeira hora”, referiu o autarca ao JA.


“As características de Alcoutim permitem o natural afastamento das pessoas. Naquelas pequenas comunidades e nos pequenos povoados onde vivem 10 ou 15 pessoas, se não houver uma intrusão do vírus, elas podem circular perfeitamente entre elas, desde que não saiam de lá e nós conseguimos garantir isso”, referiu.


Para evitar a propagação do vírus, a autarquia implementou medidas como o serviço de entrega de bens essenciais porta a porta, “que teve uma adesão significativa” e suspendeu os transportes “para evitar que as pessoas se deslocassem”.


No concelho de Alcoutim, maior parte dos funcionários da autarquia passaram a trabalhar a partir de casa, “sendo o primeiro exemplo dado do confinamento”, deixando apenas a funcionar os serviços essenciais.


“Este exemplo foi seguido de uma forma precoce por todos os empresários, restaurantes e cafés” do concelho, mas o autarca de Alcoutim confessa que o facto do seu município ser isolado faz com que tenha “um natural distanciamento entre pessoas”.


No início da pandemia, a Câmara Municipal fez um apelo “para que as pessoas não se deslocassem de férias” para Alcoutim, até, em alguns casos, “de forma particular”, através de atos de sensibilização.


No concelho, o autarca garante que já foram feitos mais de 90% de testes previstos em lares e instituições particulares de solidariedade social, todos com resultados negativos.


Em relação ao recente desconfinamento, o presidente da Câmara destacou ao JA que, “as próprias pessoas, mesmo com autorização de abertura, estão muito reticentes e poucos deles vão abrir, porque preferem aguardar mais um tempo”, possivelmente até ao final de maio.

“Uma taxa de recuperação fabulosa”


No Algarve, os primeiros casos positivos de COVID-19 surgiram em Portimão, que até ao fecho desta edição somava 40 infeções. No entanto, segundo a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, atualmente apenas existem três infetados, 35 pessoas que já recuperaram da doença e três em vigilância ativa.


“Só atingimos estes resultados exatamente pelas medidas que foram tomadas, por nossa iniciativa e pelo Governo, porque as regras de confinamento vieram ajudar e tiveram uma grande assertividade”, revelou a presidente da autarquia ao JA.


O facto dos cidadãos terem cumprido as medidas e o dever de confinamento, foi uma das causas que fez com que o número de infetados naquele concelho não disparasse, segundo a autarca, uma vez que se essas atitudes não tivessem acontecido, “seria difícil manter e atingir estes resultados” e ter “uma taxa de recuperação fabulosa”.


A partir de agora, a presidente do município pretende “continuar a trabalhar para conseguir reduzir os efeitos desta pandemia, também a nível económico com apoios aos empresários, mas principalmente tentar evitar que haja mais propagação do vírus e mais infeções, implementando todas as medidas possíveis”, garantiu Isilda Gomes ao JA.


Isilda Gomes destacou ao JA a importância do uso da máscara pela população no combate à pandemia de COVID-19, tendo a autarquia oferecido aos seus munícipes este tipo de equipamentos de proteção, considerando que “pode ser determinante para que o contágio diminua gradualmente”.


Portimão recebe, anualmente, milhares de turistas, principalmente durante o verão que se aproxima mas, apesar do “aumento de pessoas aumentar o risco”, Isilda Gomes considera que “em Portugal as pessoas estão sensibilizadas para os perigos desta pandemia, para os riscos que corremos e para o cumprimento das medidas de prevenção”.


“Eu acredito que todos vamos cumprir, os que cá vivem e os que vierem para cá, que serão muito bem recebidos”, destaca a presidente da autarquia de Portimão, que irá implementar “fortes campanhas de informação e sensibilização”.


Em relação aos turistas que Portimão vai receber, Isilda Gomes acredita “que cada um cumprirá a aquilo que é a sua parte: evitar contagiar os outros e que nos contagiemos a nós”.


“Será, certamente, um verão tranquilo”, concluiu.

Gonçalo Dourado

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