Referendo sobre permanência na UE será “inevitável”, diz Louçã

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A telenovela que Portugal tem vindo a assistir sobre a aplicação ou não de sanções, por parte da Comissão Europeia, devido ao défice excessivo em 2015, é “mais um episódio de radicalização” da União Europeia e “não será o último”, escreve Francisco Louça, ex-líder do Bloco de Esquerda e um dos fundadores do partido, num texto de opinião publicado esta terça-feira no “Diário de Notícias”. Por isso, independentemente da resolução desta questão que venha hoje a ser conhecida, “o referendo [sobre a permanência na União Europeia], que nos dizem impossível, será inevitável”, antevê.

Caso a Comissão Europeia escolha avançar com sanções, um ato que Louçã considera “absolutamente ilegal” de forma a condicionar o Orçamento em curso, “a UE evidenciaria o perigo de uma instituição sem regras, em que qualquer discricionariedade é permitida”, explica. E, tal como Catarina Martins, o ex-dirigente bloquista antevê mais pressões e crises provocadas pela União Europeia no futuro. Daí, a necessidade de um referendo.

“Cada demonstração política da Comissão [Europeia] vai-nos relembrar como ele [o referendo] é incontornável. Pois ficará a questão: mesmo que as autoridades europeias ainda tenham o discernimento de recuar nas sanções, amanhã e depois haverá mais. E como é que Portugal vai escolher o seu futuro, no meio do euro que nos amarra ao empobrecimento e de uma União que nos prende ao autoritarismo?”, desenvolve Francisco Louça.

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Enquanto o Governo e o Presidente da República lutam contra as sanções, escreve, para a direita “a coisa está mais difícil”. “O PSD e o CDS respondem defensivamente ao evidente incómodo de serem os responsáveis pelos actos sancionáveis e, sobretudo, por ser o seu partido europeu a promover as sanções, assestando baterias contra o governo. Se para isso a sua única munição for a prosápia de Maria Luís Albuquerque, que ficou aprisionada no tempo a lastimar não ser ministra, então não vai ser difícil a Costa capitalizar contra Passos Coelho”, justifica.

Ainda no mesmo texto de opinião, Louçã confessa que não esperava que o “tremor provocado pelo Brexit fosse tão profundo entre as elites”, nem que a discussão sobre o futuro da União Europeia fosse “tão assustada”. Estas “desventuras” do Reino Unido, devem-se à “perceção trágica e continental do falhanço do projeto europeu”.

Fábio Monteiro (Rede Expresso)

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