Vivemos num mundo repleto de mudanças e de incertezas, incertezas essas, que não devem coabitar na escola.
Devem criar-se condições de equilíbrio entre o conhecimento, a compreensão, a criatividade e o sentido crítico de modo a criar pessoas autónomas, responsáveis e cidadãos ativos na sociedade.
É da máxima importância que através das aprendizagens se impeça o desenvolvimento do atraso nacional e que a escola incida, nas relações e implicações dos diferentes Saberes, com o apoio das famílias, das várias entidades relacionadas com o mercado de trabalho, no sentido de entenderem a importância nobre da escola e dos professores, através do reconhecimento do seu trabalho e da sua credibilização.
Considero muito importante a inclusão, partindo-se de uma filosofia pedagógica que respeite e considere todas as diferenças entre os alunos. Assim, urge que essa integração seja uma realidade, o que implica que sejam criadas as condições imprescindíveis para tal, nomeadamente: a definição de currículos, a definição de pares de trabalho e em que áreas, a ponderação da distribuição da carga letiva pelas diferentes disciplinas do currículo, tendo em conta os meios humanos e as necessidades exigidas pelo “perfil do aluno”, entre outras.
O “perfil do professor” não deixa de assumir também a sua importância, de modo a permitir a implementação das áreas de desenvolvimento e a aquisição das competências – chave propostas.
Deste modo, a transdisciplinaridade irá facultar aos jovens uma cultura que permita saber articular, religar, contextualizar e globalizar, reunindo todos os conhecimentos que adquiriram ao longo da vida.
No meu entender, qualquer novo modelo deverá passar por um período mínimo de implementação de dez anos, de modo a permitir uma análise qualitativa do mesmo e poder-se avaliar a concretização dos objetivos pretendidos e ser, pontualmente, aperfeiçoado, ao longo desse tempo.
O esforço necessário para colocar em prática o proposto no “perfil do aluno”, implicará um grande trabalho de articulação entre os vários professores, uma vez que as disciplinas deixam de ser estanques e tornam-se elos de continuidade, em função das necessidades/curiosidades dos alunos.
Penso que, na sua essência, o projeto é positivo, mas deverá ser preparado o terreno para a sua implementação, começando desde logo pela revisão dos currículos das várias disciplinas, pela formação dos professores e dos vários intervenientes no processo de ensino/aprendizagem, redução do número de alunos por turma e revisão das condições de trabalho dos docentes.
Posso afirmar que só somos realmente completos, quando conseguirmos ver esclarecidos os nossos porquês, alargando a nossa visão do mundo, conseguindo construir a diferença e embelezando o que nos rodeia, através de uma educação que procure desenvolver, em nós, esse olhar crítico para o mundo que nos rodeia e para dentro de nós próprios, ao contrário do que acontece atualmente, uma educação acrítica e tecnicista, que se preocupa em criar pessoas treinadas para o “mercado de trabalho”.
Nunca devemos esquecer que “Um povo ignorante é o instrumento cego da sua própria destruição.”
Aida Dias
* Professora de Educação Visual e Educação Tecnológica e sócia do SPZS