Não existe no Algarve cluster do mar
As cidades litorais parecem ter compreendido, finalmente a importância da sua ligação ao mar, à ria. Um bem supremo escancarado, às portas dos seus limites térreos. A frente de mar oferece vantagens que nenhuma outra vantagem em seco oferece. Os primeiros portos de recreio têm talvez poucas décadas. Porém, pelo tempo fora pouco se avançou. A não ser na construção das primeiras, poucas, marinas. As cidades litorais algarvias são referências em terra que o mar próximo nos proporcionou. Não passam muitas das vezes de meras condições naturais. Ocupam posição privilegiada a caminho do Mediterrâneo. Uma eterna sedução dos veleiros de ontem, dos barcos de cruzeiro de hoje. Milhares de barcos destes cruzam o Atlântico, descem dos mares do norte europeu a caminho do Mediterrâneo. A nossa posição é de facto invejável. A ideia de expansão, de atracção, começa a germinar nalguns espíritos. Mas a ligação à Universidade tarda. O estudo da electrónica, do design, das tintas, dos vernizes. Tudo isto são factores a explorar. A construir. Os hotéis de barcos não passa de um sonho fora da realidade. Tudo isto influenciaria, se conjugaria na dinâmica litoral. A influência em terra de hotéis, bares, restaurantes, está longe. O sentido da localização obrigatório, essencial, de tudo isto, de que se constrói os passeios marítimos, demora. O balanço é ainda fraco. Falta muito por arrancar. Falta ainda muita eficácia no estudo dos objectivos finais. O poder de atracção é grande, mas a geoestratégia dominante está ainda por descobrir. O cluster do mar poucas, raras, as cidades o possuem.
Viegas Gomes